Em 10 cidades que receberam “kit covid”, 9 tiveram alta de mortalidade
Da Coluna de Diogo Schelp no UOL.
Um levantamento da coluna com dez municípios com mais de 100 mil habitantes que distribuíram oficialmente um kit com medicamentos para o chamado “tratamento precoce“, no ano passado, revela que nove deles registram uma taxa de mortalidade por covid-19 mais alta do que a média estadual.
A única exceção, Parintins (AM), tem uma taxa de mortalidade apenas 1,3% menor do que a média do Amazonas: enquanto o estado registra um acumulado de 159 óbitos por covid-19 por 100 mil habitantes, o dado do município é de 157 óbitos por 100.000 habitantes.
Os dados de municípios que distribuíram o ‘kit covid’ não são suficientes para concluir que a prescrição dos medicamentos sem eficácia contribuiu para as taxas de mortalidade mais altas, mas desmontam o argumento de que o chamado “tratamento precoce” é capaz de salvar vidas.
Foram incluídos no levantamento todos os municípios com mais de 100 mil habitantes em que a distribuição de “kits covid” pode ser confirmada pela coluna. Nenhuma cidade encontrada com esses critérios foi deixada de fora.
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), com base nos estudos científicos mais recentes e consistentes, não existe tratamento precoce para a covid-19. O protocolo da SBI segue preceitos semelhantes aos da Sociedade Americana de Infectologia e de outras entidades médicas especializadas.
As outras nove cidades que compõem o levantamento são Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Natal (RN), Cuiabá (MT), Boa Vista (RR), Jundiaí (SP), Gravataí (RS), Itajaí (SC) e Cachoeirinha (RS). Todas registram uma taxa de mortalidade maior do que a de seus estados. Os dados são do Ministério da Saúde e referem-se ao acumulado até quarta-feira (20).
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