Em 3 minutos, Bolsonaro mentiu 4 vezes em pronunciamento sobre ações contra a covid

Em discurso de pouco mais de três minutos em cadeia de Rádio e TV, transmitido na noite desta terça-feira (23/03) o presidente Jair Bolsonaro mentiu ou exagerou sobre ações do governo contra a COVID-19. Pressionado a moderar o tom, Bolsonaro disse que 2021 será “o ano da vacinação”. (…)
No discurso, Bolsonaro tentou desfazer a imagem de negacionista e a barreira para a chegada das vacinas, apesar de ter rejeitado por meses propostas de imunizantes e até ter levantado dúvidas, sem provas, sobre a eficácia dos produtos. Abaixo, trechos com mentiras ou exageros do presidente.
Inverdades
– Ações do governo: Logo no começo do discurso, Bolsonaro disse que “em nenhum momento” o governo deixou de tomar medidas contra o vírus e o “caos” na pandemia. O presidente, porém, desestimula desde o começo da pandemia a adoção de medidas básicas de combate à doença, como distanciamento social e o uso de máscaras. Bolsonaro só começou a usar a proteção facial mais regularmente nas últimas semanas, mas mesmo assim continua desdenhando de medidas de restrição de circulação. Ele chegou a ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que alguns Estados adotem lockdowns ou toque de recolher.
– Doses distribuídas: Bolsonaro disse que o Ministério da Saúde já entregou “mais de 32 milhões de doses” da vacina contra a covid-19. Segundo dados da própria pasta, porém, foram cerca de 29,9 milhões até agora.
– Pessoas vacinadas: O presidente disse que mais de 14 milhões já foram vacinados no País contra a covid-19. Na verdade, 11,4 milhões receberam pelo menos a primeira dose da vacina. Destes, somente 3,62 milhões receberam a segunda dose, que garante a eficácia do produto.
– Compra da Coronavac: Bolsonaro afirmou sempre ter dito que compraria “qualquer vacina”, desde que aprovada pela Anvisa. Não é verdade. Irritado com possível ganho político do governador paulista, João Doria (PSDB), com a entrega da Coronavac, Bolsonaro mandou o Ministério da Saúde recuar de uma promessa de compra deste imunizante, em outubro de 2020. (…)