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Em carta a procuradores, Janot fala em “apagar brilho personalista da vaidade”

Do Valor:

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escreveu uma carta aberta aos procuradores do Ministério Público na qual pede “união e serenidade” no atual momento político e disse que “o país não atravessa uma crise tão aguda e grave como a que vivemos nestes dias difíceis” há muitos anos. Ele defendeu a Lava-Jato, mas defendeu “apagar o brilho personalista da vaidade para fazer brilhar o valor do coletivo”.

Janot menciona o ex-presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln e o líder sul-africano Nelson Mandela: “Cito esses dois exemplos extremos para falar do Brasil, do Ministério Público e do momento atual. Refletindo sobre tudo isso, chego à conclusão de que há muitos anos o país não atravessa uma crise tão aguda e grave como a que vivemos nestes dias difíceis”. Ele cita ainda o Winston Churchill, “que guiou seu país em uma terrível guerra pela sobrevivência e pela liberdade”.

“Não sairemos dessa crise melhores como país se escolhermos o caminho da radicalização. Essa estrada só tem curso para nos levar ao ódio e à desintegração do sentimento de unidade essencial que deve permear o nosso povo, para além das divergências políticas.”

Para o procurador-geral, “a qualidade de nossos líderes e a força de nossas instituições” são os bastiões para tirar o país da crise e fazer avançar “na medida em que as lideranças operem, com firmeza e serenidade, nos limites estritos da institucionalidade”.

“O Brasil superará essa crise, não há dúvida sobre isso”, escreveu Janot, acrescentando que isso independe do Ministério Público, da Justiça ou dos partidos, e sim, pela “força da própria sociedade”. “Temos, no entanto, uma escolha: institucionalizaremos os valores republicanos, democráticos e do estado de direito, ou afundaremos o país em um perigoso jogo de poder que nada há de agregar à construção da cidadania e da civilidade?”, afirmou Janot.