Em editorial, Globo diz que filhos de Bolsonaro são mais destrutivos que a oposição
Em editorial, o jornal O Globo diz que filhos de Bolsonaro são mais destrutivos que a oposição. Leia alguns trechos:
Não há registro de grandes casos de sucesso quando laços de sangue pesam mais que currículos como passaporte de entrada em palácios. A desenvoltura e o estilo com que filhos de Jair Bolsonaro transitavam na campanha do pai justificaram apostas em que, eleito, o ex-capitão encontraria dentro de casa razões para se preocupar.
Apostas certeiras. A reação extemporânea do vereador Carlos Bolsonaro, o 02 no jargão de caserna da família, contra o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, gerou uma crise desnecessária dentro do Palácio, enquanto o pai recebia alta em São Paulo. E aumentou as preocupações dos militares que se encontram no primeiro escalão do governo com a confirmação da imprevisibilidade deste núcleo familiar do presidente.
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A história de candidaturas laranjas é grave, particularmente em um partido que amealhou votos com forte discurso anticorrupção. Mas há um outro ponto: o mal-estar não existiria, e o assunto poderia ser tratado pelas vias normais para casos do tipo, se um filho do presidente não tivesse acesso a todos os contatos feitos com o pai. O potencial de confusão é enorme, e põe em risco questões de Estado.
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A lógica com que parentes atuam no poder não é simples. Pode haver alguma matéria delicada no Congresso, mas se um filho decide atacar um parlamentar de peso por alguma razão familiar subjetiva, o fará. É impossível separar o vereador Carlos, o senador Flávio (01) e o deputado federal, por São Paulo, Eduardo, o 03, da figura do presidente. O que fizerem de errado lançará estilhaços na Presidência.
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Não bastassem todas as dificuldades com que governo se depara — reformas, crise de segurança pública etc. — ainda é crucial que se construa um arranjo com o presidente e família, para que ele e o governo não sejam vítimas de fogo amigo pesado.