Em programa de tevê Cunha impede mulher de falar de contas no exterior
Do estado de minas:
Às vésperas de ser julgado na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha voltou a negar acusações de que recebeu propina, de que mentiu sobre contas na Suíça e afirmou que a cassação de seu mandato, cuja votação na Câmara dos Deputados está marcado para esta segunda-feira (12), às 19h, é “hipótese que não passa pela cabeça.”
Em entrevista ao programa Conexão Repórter, de Ricardo Cabrini, no SBT/Alterosa, Cunha procurou desqualificar delatores que o acusam de receber propinas, reclamou de acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República e atribuiu à “guerra política” o processo de cassação aberto contra ele e seu afastamento da Presidência da Câmara, determinada pelo Supremo Tribunal Federal em maio.
Disse ainda não temer ser preso caso perca o mandato de deputado, negou que vá se tornar delator – “não cometi crime” – e disse que seu objetivo é manter o mandato e os direitos políticos para disputar novamente em 2018 uma vaga de deputado federal.
Apesar de ter se defendido com veemência, Cunha se irritou em um momento da entrevista em que Cabrini pergunta à mulher do parlamentar, Cláudia Cruz, sobre gastos no exterior que o Ministério Público considera que foram feitos com dinheiro proveniente de propina. “Esse não era o objetivo da entrevista”, diz Cunha ao jornalista. Em um momento seguinte, o casal aceita falar sobre o caso. Cláudia alega, então, que tinha dinheiro, proveniente de indenização trabalhista, para fazer frente aos gastos.
No programa, a mulher de Cunha defendeu o marido (disse que se apaixonou sobretudo por causa do caráter), classificou de invasão de privacidade a divulgação de compras de produtos de luxo em lojas de grife no exterior e disse que o pior são as “mentiras. “Disseram que fiz várias plásticas. Só tenho uma plástico no nariz”, afirmou. Ela reclamou ainda de informação de que uma das plásticas teria deixado os olhos dela “esbugalhados”.
Sobre as acusações de Dilma Rousseff de que o processo de impeachmento foi iniciado depois de ela não ter aceito chantagem de Eduardo Cunha, o peemedebista disse que o que ocorreu foi o contrário. E voltou a citar o ex-ministro Jaques Wagner como alguém que teria oferecido apoio do PT no Conselho de Ética caso Cunha rejeitasse a abertura do pedido de impeachment contra Dilma.
Cunha poderá perder nesta segunda o mandato por quebra de decoro parlamentar. A ação contra ele foi protocolada na Câmara em novembro do ano passado por deputados do PSol e da Rede. Ele é acusado de mentir à CPI da Petrobras ao dizer que não possui conta bancária na Suíça, na Europa. O Ministério Público daquele país enviou às autoridades brasileiras documentação que atestaria o contrário. Cunha também é alvo de ação penal no Supremo Tribunal Federal após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por usar contas no exterior para lavar dinheiro desviado da Petrobras.