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Em queda nas pesquisas, Bolsonaro repete Trump e organiza visitas não programadas pelo interior

Do Globo

Bolsonaro comete crime ao provocar aglomeração entre as pessoas e não usar máscara. Foto: Diego Gurgel/Agência de Notícias do Acre

Sem máscara e acenando, o presidente Jair Bolsonaro desce sorridente do helicóptero e vai ao encontro de uma pequena multidão que começa a se aglomerar movida pela curiosidade despertada pelo barulho vindo do céu. Desde o segundo semestre do ano passado — em plena pandemia —, a cena se repetiu ao menos 12 vezes, em um prática que o presidente passou a chamar de “paradas não programadas”. Elas ocorrem em cidades pequenas, no caminho para compromissos oficiais, ou na volta para Brasília. Na última quarta-feira, foi a vez do município de Sena Madureira, no Acre, de cerca de 46 mil habitantes, receber a visita quando Bolsonaro seguia para Rio Branco, capital do estado. (…)

O interesse pelo interior coincide com a queda de popularidade de Bolsonaro nos grandes centros urbanos. De acordo com pesquisa do Datafolha realizada no fim de janeiro, o índice de pessoas que avaliam o governo como ótimo ou bom é maior no interior (34%) do que nas regiões metropolitanas (28%). Já entre os que avaliam a gestão como ruim ou péssima, a situação inverte: o número é maior nas regiões metropolitanas (45% contra 37%).

Um levantamento do GLOBO com base em pesquisas do Ibope mostrou que a avaliação positiva do governo Bolsonaro caiu ou oscilou para baixo (quando fica na margem de erro) em 23 das 26 capitais brasileiras entre os meses de outubro e novembro, durante as eleições municipais.

Para o cientista político Leonardo Avritzer, da UFMG, a estratégia de Bolsonaro de privilegiar o interior tem semelhança com a do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que nas duas eleições que disputou teve uma votação muito maior no interior do que nas grandes cidades.

— Na eleição passada, se você olhar alguns mapas de estados que foram decisivos, ele (Trump) fez diversos comícios em cidades muito pequenas e deixou praticamente abandonadas cidades grandes. Pode ser uma mudança de estratégia dele (Bolsonaro), tentando já reagir à baixa avaliação nas grandes cidades. (…)