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Embaixador da Alemanha diz que para acordo UE-Mercosul é necessário queda no desmatamento

Imagem de área afetada pelo desmatamento na Amazônia — Foto: Raphael Alves/AFP/Arquivo

Do DW:

Heiko Thoms, novo embaixador da Alemanha no Brasil, reuniu-se no último dia 19 de agosto com o presidente Jair Bolsonaro para entregar suas credenciais – formalidade que marca o início de seu trabalho em Brasília. Entregou ao presidente uma máscara facial com a bandeira dos dois países, e conversaram sobre o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que promete criar uma da maiores áreas de livre comércio do mundo, com 780 milhões de pessoas e um quarto da economia mundial.

O acordo foi assinado em setembro de 2019, após 20 anos de negociações, e apresentado como vitória do governo Bolsonaro para ampliar a inserção do Brasil no mundo, mas ainda depende de uma série de etapas para entrar em vigor. Além de reduzir ou acabar com as tarifas de importação e exportação entre os dois blocos, o texto também estabelece obrigações na área de sustentabilidade ambiental . O pacto vem enfrentando crescente resistência na União Europeia devido à alta do desmatamento na Amazônia e à falta de políticas consistentes do governo brasileiro para a proteção do meio ambiente.

A próxima fase do processo de aprovação do texto é a sua assinatura pelo Conselho da União Europeia, que reúne os chefes de Estado dos 27 países-membros do bloco. A Alemanha exerce até o final de 2020 a presidência desse órgão, e a gestão Bolsonaro tem esperança de que Berlim use sua posição para que o Conselho assine o acordo nesse período. Após a reunião com Thoms, Bolsonaro tuitou: “Reafirmamos nosso interesse de aprofundar a parceria econômica e de assinar o Acordo Mercosul-União Europeia.”

No dia seguinte, porém, a ativista sueca Greta Thunberg, a quem Bolsonaro já chamou de “pirralha”, reuniu-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Berlim, acompanhada de outras jovens ativistas da defesa do meio ambiente. Ao sair do encontro, a alemã Luisa Neubauer, colega de Greta, afirmou que Merkel declarou a elas que “definitivamente” não assinaria o acordo UE-Mercosul. E o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, afirmou à imprensa que a chanceler tinha “sérias dúvidas” sobre a implementação do acordo devido ao aumento do desmatamento na Amazônia.

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