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Empresário tenta explicar compra privada de vacinas: “Não se trata de furar, mas de formar mais filas”

Do Estadão

Carlos Wizard Martins e Jair Bolsonaro. Foto – Reprodução/

Um dos principais defensores da compra da vacina contra a covid-19 pelo setor privado, Carlos Wizard afirma que a organização de um consórcio de empresários para comprar 10 milhões de doses tem apoio do governo federal. Como a maior parte das fabricantes priorizam o setor público, ele diz que o grupo precisa ter um “aval” do Ministério da Saúde para conseguir negociar.

Nesta semana, a Câmara aprovou um projeto de lei que libera a aquisição de doses pela iniciativa privada, mesmo sem o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a proposta ainda precisa passar pelo Senado. “Ontem (anteontem, na terça), recebemos um documento do ministério nos autorizando e oferecendo apoio para essa iniciativa. O trabalho é em total consonância e harmonia com o Ministério da Saúde”, afirmou. O Estadão procurou a pasta sobre a declaração, mas não teve confirmação até as 19 horas desta quarta-feira.

“Não se trata de furar fila. É formar mais filas”, alega. “Queremos formar várias filas, a do SUS, e as nossas filas, junto da sociedade civil organizada, através dos empresários”, diz o empresário. Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde no continente, afirma que a aquisição de doses pela iniciativa privada vai ampliar as desigualdades.

Wizard diz que 30 dias são suficientes para a chegada das doses, assim que houver liberação na esfera nacional. O custo estimado é R$ 100 milhões de dólares, 10 dólares por dose. Questionado sobre a possibilidade de deduzir o custo no imposto de renda, o empresário disse que não é o momento de se tentar um benefício pessoal. “Não estamos em clima de troca troca, de buscar alguma vantagem”, declara. “O objetivo é poupar vidas e retomar a população à normalidade.” (…)