Entidades voltam a processar Carrefour após novos casos de racismo

As entidades Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) e o Centro Santos Dias de Direitos Humanos abriram uma ação civil pública, nesta terça-feira (11), contra a rede de supermercados Carrefour por crimes de racismo que teriam ocorrido em duas unidades no último final de semana.
A ação judicial foi aberta menos de três anos após um homem negro morrer em uma unidade de Porto Alegre (RS), em novembro de 2020. À época, o soldador João Alberto Freitas foi espancado por seguranças do estabelecimento.
A ação se baseia em dois episódios recentes. Na última sexta-feira (7), o artista negro Vinícius de Paula afirmou que foi impedido de usar um caixa preferencial sem clientes em Alphaville, a funcionária alegou que poderia receber uma multa se o atendesse. No entanto, uma cliente branca foi atendida normalmente.
O outro episódio ocorreu no Atacadão Parolin, também da rede Carrefour, em Curitiba (PR). Perseguida por seguranças, a professora negra Isabel Oliveira tirou as roupas em protesto.
O documento, encaminhado à Vara Cível de Barueri (SP), pede R$ 115 milhões como reparação por danos morais e coletivos, além da inclusão de profissionais negros no Conselho de Administração da empresa. O valor é o mesmo da ação judicial de João Alberto.
“A nova ação é fruto da constatação de que o caso João Alberto não foi uma crise, mas o reflexo de uma cultura corporativa, apesar das promessas públicas de alterar os padrões internos e a forma de tratar a inclusão e a diversidade”, afirmou Márlon Reis, advogado da Educafro. “Aquele grave episódio não surtiu nenhum efeito pedagógico”, disse.