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Entre Getúlio e Cristiane Brasil: como o PTB passou do trabalhismo aos ataques à Justiça do Trabalho

Texto de Mariana Alvim na BBC Brasil.

Há oito décadas, Getúlio Vargas liderava a consolidação do trabalhismo por meio de instituições simbólicas desta corrente ideológica como o Ministério do Trabalho e a Justiça do Trabalho, além do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), fundado em 1945.

Mas o princípio de 2018 vem mostrando como, com o passar do tempo, o mesmo PTB se descolou de suas origens ideológicas. Em meados de janeiro, o presidente atual da sigla, Roberto Jefferson, defendeu ao jornal Folha de S. Paulo a extinção da Justiça do Trabalho, formada durante o Estado Novo. Jefferson classificou-a como uma “excrescência brasileira” e uma “babá de luxo”.

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Para estudiosos da história política brasileira consultados pela BBC Brasil, os episódios recentes, além do posicionamento do partido em pautas como a reforma trabalhista, mostram que, do “trabalhismo”, o PTB atual só mantém o nome.

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Comunicados oficiais e recentes no site do PTB, porém, defendem um alinhamento entre a atuação atual do partido e suas origens históricas.

Alguns deles, por exemplo, fazem referência ao passado do trabalhismo na defesa da reforma trabalhista – uma das principais pautas do governo Temer, aprovada no Congresso e sancionada em 2017.

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O PTB é parte da base aliada do governo Temer: o primeiro a ocupar o Ministério do Trabalho na gestão foi o petebista Ronaldo Nogueira. Este então abriu espaço para que a correligionária Cristiane Brasil assumisse a pasta – nomeação essa suspensa temporariamente pela presidente e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.

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Fundado sob a liderança de Vargas, PTB aparece no noticiário neste início de 2018 pelo imbróglio na nomeação de Cristiane Brasil ao Ministério do Trabalho | Foto: Presidência da República/Câmara dos Deputados