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Erundina diz que foi pressionada por “líderes do mundo artístico” para abandonar disputa

O jornalista Chico Alves entrevistou Erundina em sua coluna no UOL.

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UOL: Como chegou à sra. a informação de que o PSOL poderia apoiar a candidatura de Baleia Rossi?

Luiza Erundina: Eu vi pela imprensa, em longa matéria da CNN, dando conta que o PSOL estaria articulando para retirar a candidatura e apoiar Baleia Rossi. Minha reação foi de dizer que não sou candidata própria, mas do partido.

A bancada se dividiu em duas partes. A Executiva Nacional, por maioria folgada, por margem muito grande de votos, decidiu pela manutenção da nossa posição.

Havia cinco integrantes da nossa bancada que já vinham conversando com as outras forças de oposição, que já estavam participando de reuniões com Rodrigo Maia. Mas com a decisão da Executiva, que é irrevogável, todos são obrigados a seguir a diretriz do partido, que no caso é manter a candidatura própria no primeiro turno.

Eu não sou candidata de mim mesmo. Já fui candidata tantas vezes, nunca reivindiquei candidatura nenhuma, em nenhum partido em que estive. Eu preciso de um mandato, quando o povo me confere, para ser instrumento a serviço dos interesses populares. Minha trajetória política demonstra à exaustão essa minha atitude. Eu não faço concessões em relação às minhas convicções.

Como esse movimento em direção a Baleia Rossi é percebido pela sra.?

Tenho sofrido pressão muito forte nesses últimos dias de lideranças do mundo artístico, com cobranças como se eu estivesse atrapalhando ou ajudando a vitória do candidato bolsonarista.

Houve pressão pessoal, de gente ligando diretamente para mim. Afirmei a quem me pressionou pessoalmente ou através de mensagens, me responsabilizando pelo resultado, que acho que é superestimar minha presença nesse processo.

Além disso, eu pergunto: por que eles não cobram das bases do Baleia? O MDB, o DEM, que são responsáveis por essa candidatura e estão divididos? Teve gente ali que já declarou voto em Lira. Então a responsabilidade é só de Luiza Erundina, individualmente?

Eu nunca fiz política individualmente. Não acredito na política como ação individual. Nunca decidi nada em meu próprio interesse. Só ocupo mandato quando sou demandada, quando cumpro tarefa partidária. Aí sim. Eu sou disciplinada. E vou às últimas consequências. A menos que o PSOL decida rever a sua posição inicial.

Quem são essas lideranças culturais que fazem pressão?

Não posso dizer nomes, infelizmente.

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