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Esquema de candidatas laranjas também existem na África e no Oriente Médio, diz consultora política

Cartazes da National Women’s Political Caucus. Foto: Reprodução

Do Globo:

Há uma tensão que faz com que mais mulheres queiram concorrer nas próximas eleições no Brasil. É o que aposta a americana Cathy Allen, vice-presidente de Educação e Treinamento do National Women’s Political Caucus, uma organização voltada para ampliar a participação de mulheres na política. Também presidente do The Connections Group Inc, em Seattle, e comentarista política em canais como CNN e NBC, Cathy já viajou a 49 países para recrutar, treinar e eleger candidatas e critica a baixa representatividade feminina no Congresso brasileiro, onde as mulheres ocupam apenas 13% das vagas no Senado e 15%, na Câmara.

No Brasil, há casos de partidos com candidaturas laranjas de mulheres para desviar recursos. Há práticas semelhantes nos países que visitou?

Vi casos em países do Oriente Médio, como Jordânia e Marrocos. Formas de o partido conseguir dinheiro são: nomear a cargos mulheres que sejam filhas ou tenham relação com algum líder poderoso do país ou as indicando como candidatas em disputas eleitorais. Na África, onde só um pouco de dinheiro já pode fazer toda a diferença em uma eleição, mulheres que aparecem no topo das listas do partido não recebem dinheiro nem material de campanha. E, pior, também não são convidadas para coletivas de imprensa nem treinadas para as campanhas. Os partidos usam os recursos focados nos resultados da eleição, em como garantir que seus principais nomes se mantenham nos cargos. O dinheiro raramente é repassado de forma justa e igual a todos os candidatos.

Temos uma cota que determina que 30% dos candidatos do partido sejam mulheres. Isso acontece em outros lugares?

Há 24 países que usam esse tipo de cota. É uma tendência mundial para alavancar o número de mulheres na política. Para que haja democracia, é preciso que a representatividade de pessoas no governo seja proporcional à população no geral. Não sou uma grande fã dessa política, mas entendo que ajudou a pôr mais mulheres nos cargos de poder. E, quando temos uma quantidade expressiva de mulheres na política, há um empenho maior para tratar de assuntos mais ligados a causas humanas, como pobreza, meio de transporte a todos e melhores condições na saúde pública.

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