Estadão critica Moro e Dallagnol e descobre que “lavajatismo” era eleitoreiro

Nesta segunda-feira (10), o Estadão publicou um artigo de opinião na qual destaca o real papel da Operação Lava Jato. Fez críticas ao ex-juiz Sérgio Moro e ao ex-procurador Deltan Dallagnol, e apontou que a operação foi usada em questões político-eleitorais:
A Operação Lava Jato foi promovida por três instituições de Estado: a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Justiça Federal. Nenhuma das três instituições tem competência para fazer política partidária ou para atuar politicamente no País. O papel delas, cada uma dentro do seu âmbito, é contribuir para a vigência e a aplicação do Direito. Dessa forma, a Lava Jato, em respeito à própria natureza da operação e a seus resultados, não deve ser usada ou estar envolvida em questões político-eleitorais. Seu âmbito é outro. (…)
No entanto, neste ano, as duas mais conhecidas figuras da Lava Jato, o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, promoveram suas candidaturas ao Senado e à Câmara dos Deputados, respectivamente, usando como trunfo eleitoral a operação. Aproveitaram-se de uma atuação do Estado, bancada com o dinheiro de todos os brasileiros, para fazer política partidária. O ex-magistrado da 13.ª Vara Federal de Curitiba ainda valeu-se do prestígio da Lava Jato para promover a campanha da mulher, Rosângela Moro, a uma vaga na Câmara. (…)
A contradição é notória. Uma operação estatal cujo objetivo era apurar diferentes modalidades de desvio de recursos públicos para fins particulares – pessoais ou partidários – tornou-se ela mesma instrumento para promover objetivos particulares: a eleição de ex-funcionários públicos e seus parentes. No entanto, parece que os eleitores não viram maiores problemas no uso eleitoreiro da Lava Jato. No Paraná, Sérgio Moro elegeu-se senador com 1.953.159 votos (33,5% dos votos válidos) e Deltan Dallagnol foi o candidato a deputado federal mais votado no Estado, com 344.917 votos. Em São Paulo, Rosângela Moro recebeu 217.170 votos, conquistando uma vaga na Câmara. (…)
Os três foram eleitos com o mesmo mote: dar continuidade à Lava Jato no Congresso. E, como se pôde ver no dia 2 de outubro, isso conta com intenso apelo popular. Ou seja, foi uma boa tática eleitoral. (…) A transformação da Lava Jato num projeto político-partidário representa um significativo retrocesso institucional, como se os órgãos de Estado que a promoveram tivessem um lado político. É, por exemplo, um enorme dano à imagem do Poder Judiciário que um ex-juiz faça campanha eleitoral dizendo que ele sempre teve por inimigo um determinado partido político. (…)
Durante a Operação Lava Jato, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol ficaram conhecidos por serem exímios descobridores de indícios de lavagem de dinheiro. Agora, no entanto, parecem adotar outros padrões de exigência, apoiando à Presidência da República um candidato que nunca esclareceu a fonte de R$ 25,6 milhões em dinheiro vivo, usados por sua família na compra de 51 imóveis – indício nada desprezível de lavagem de dinheiro. (…)
O combate à corrupção, como causa nobre que é, merecia heróis melhores que esses. (…)
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