Estrela explode duas vezes antes de morrer e revela nova pista sobre expansão do universo

(European Southern Observatory/Reprodução)
Astrônomos identificaram pela primeira vez evidências visuais de uma supernova com “dupla detonação”, um fenômeno raro em que uma estrela explode duas vezes antes de se desintegrar. A descoberta foi feita com o telescópio Very Large Telescope (VLT), no Chile, ao analisar os restos da supernova SNR 0509-67.5 na galáxia Grande Nuvem de Magalhães. A análise revelou duas conchas concêntricas de cálcio, sinal claro desse tipo incomum de colapso estelar.
Supernovas do tipo Ia, como essa, são cruciais para a astronomia, pois servem como “velas padrão” — explosões com brilho previsível, usadas para medir distâncias no universo. Normalmente, elas ocorrem quando uma anã branca acumula matéria até atingir a chamada massa de Chandrasekhar. No caso recém-observado, porém, a primeira explosão veio de uma camada de hélio da estrela vizinha, que detonou uma segunda explosão no núcleo da anã branca.
Essa nova evidência confirma teorias anteriores sobre a possibilidade de explosões em dois estágios, que até então não haviam sido observadas diretamente. A estrutura química deixada para trás, com camadas visíveis de cálcio, foi fundamental para comprovar a hipótese da dupla detonação. A imagem dos detritos da estrela, registrada pelo ESO, é considerada um marco na astrofísica moderna.
Além de ajudar a entender melhor a evolução estelar, a descoberta oferece novas pistas sobre a aceleração da expansão do universo — fenômeno que rendeu o Nobel de Física em 2011. Com essa comprovação visual, os cientistas têm agora um modelo mais completo para explicar como ocorrem essas explosões e por que elas mantêm luminosidade constante mesmo com origens diferentes.