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Estudo de novo remédio propagandeado por Bolsonaro tem morte de voluntários e indícios de fraude

Da Coluna de Malu Gaspar no Globo:

Presidente Jair Bolsonaro divulga a proxalutamida durante a live do dia 1º de abril ao lado do ministro da Cidadania, João Roma. Foto: Reprodução

Depois da cloroquina e da ivermectina, o novo remédio em teste contra a Covid-19 que encanta Jair Bolsonaro é a proxalutamida, um bloqueador hormonal desenvolvido na China. Na live transmitida no último dia 1º, o presidente fez questão de citar o remédio, “um medicamento que é desenvolvido conjuntamente com os Estados Unidos”. Segundo o presidente, o Brasil pode ter, “mais cedo ou mais tarde, um remédio eficaz para combater aí a Covid”.

Contudo, embora seja popular nas redes sociais bolsonaristas, a substância não só não tem eficácia comprovada, como o estudo a que Bolsonaro se referiu preocupa pesquisadores envolvidos no combate ao coronavírus. Se as informações estiverem corretas, há o risco de os organizadores terem deixado uma quantia expressiva de voluntários morrerem desnecessariamente ao longo do trabalho. A menos que os dados estejam errados ou imprecisos. Nesse caso, estariam caracterizadas suspeitas de falhas graves e possíveis fraudes, que os responsáveis pelo estudo negam.

Parte dos resultados foi apresentada em uma entrevista coletiva transmitida pela internet no último dia 11 de março e conduzida pelo médico Luis Alberto Nicolau, dono do grupo de hospitais Samel, do Amazonas, que forneceu infraestrutura e funcionários para a parte brasileira do estudo e dividiu os custos com a empresa de biotecnologia americana Applied Biology, especializada em medicamentos para pele e cabelo.

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