“Eu gritava, só que ninguém ouvia”, diz mulher que ficou 17 anos em cárcere privado

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Uma mulher que vivia presa e em condições precárias por 17 anos em uma casa em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, prestou depoimento à polícia nesa quinta-feira (28).
“Eu fiquei 17 anos em cárcere privado, sofrendo maus-tratos. Ficava sem comida, sem água e apanhando. Meus filhos também: amarrados, apanhavam de fio. E ele enforcava a gente também. Ele já era agressivo mas, com o decorrer dos anos, foi piorando mais. Eu chamava, gritava, só que os vizinhos falavam que não conseguiam escutar. Ninguém conseguia ouvir”, conta a mulher.
Em depoimento, um dos PMs que fizeram o resgate contou que os filhos do casal aparentavam ter problemas psiquiátricos. Um deles estava com os pés amarrados com uma corda e a menina estava com as duas mãos amarradas aos pés e sentada no chão. A mulher foi encontrada andando pela casa.
Agora, os três estão na casa de parentes. Eles receberam atendimento médico e receberam alta após um dia de internação. A Secretaria de Saúde do Rio afirma que eles receberam suporte nutricional, de hidratação e psicológico, e que os adolescentes só se locomovem no colo de alguém.
Luiz Antônio foi preso em flagrante. Durante o depoimento, ele ficou em silêncio. Mas, informalmente, alegou que queria proteger os filhos, que têm deficiência. Ele teve a prisão temporária convertida em preventiva e está em um presídio na Zona Norte do Rio. Ele vai responder por tortura, cárcere privado, sequestro e maus-tratos
As autoridades já tinham conhecimento do caso há dois anos, mas não tomaram medidas suficientes para libertar a família. Os vizinhos chegaram a pedir ajuda à Clínica da Família, que tentou interferir, mas, mas Luiz Antônio impediu.