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“Eu não sou foragido”, diz Tacla Durán

 

Os deputados Paulo Pimenta e Wadih Damous, integrantes da CPI da JBS, viajaram a Madri e ouviram o advogado Rodrigo Tacla Durán, processado pela Lava Jato por lavagem de dinheiro. 

O áudio foi protocolado na CPI e divulgado pelo DCM e outros sites.

Num trecho, ele fala de sua condição perante a Justiça. “Eu não sou foragido”, diz. Na sexta feira, dia 3, a Folha deu matéria com  o seguinte título: “Fugas e cidadania estrangeira atrasam processos da Lava Jato com Moro”.

“Tacla Duran tem cidadania espanhola, o que impediu sua extradição, e o juiz tenta dar andamento ao processo por cooperação internacional”, lê-se.

A Pimenta e Damous, ele afirmou que não está fugindo: “Tenho endereço, tenho domicílio, profissão”.

Tacla Durán — Só uma questão, doutor. É que falam por aí: foragido, etc. Veja bem: eu vejo as delações, os acordos de delação aí do Brasil, e isso falo como advogado, que isso se transformou em um instrumento de defesa. E isso vale, porque todo mundo pode se defender como deve. Mas, para se defender de uma prisão preventiva, na maioria das vezes arbitrária e ilegal. Eu até contei esta via do direito como um dispositivo de defesa. Entretanto, diante de como caminham as coisas no Ministério Público Federal, que além de não fazer o acordo comigo, sempre inviabilizou e trabalhou contra que eu fizesse o acordo em outros países. Diante desse quadro, eu como advogado quero ter estratégia que eu passei a usar que eu usei, a extradição como procedimento jurídico válido, regular, um instituto que é reconhecimento na legislação de diversos países como defesa a uma prisão preventiva ilegal e arbitrária.

Minha extradição foi tirada desta forma: como estratégia de defesa diante dessa irregularidade, dessa ilegalidade. Não sou foragido, tenho meus passaportes em mãos. Posso viajar para onde eu quiser, quando eu quiser, respondi a todos os processos aqui na Espanha, carta rogatória, a todos os procedimentos de cooperação internacional e de outros países. Eu só não posso viajar, porque sou ameaçado pelas autoridades brasileiras, de quererem insistir em fazer uma detenção ilegal preventiva. Preventiva é o quê, depois de responder a tudo isso que respondi? Eu não estou fugindo, tenho endereço, tenho domicílio, profissão. Se eu fosse foragido, a Justiça daqui teria me prendido. Eu não sou foragido. Só queria deixar esse registro, claro. Se pudesse, eu iria até a Câmara dos Deputados pessoalmente. Não vou por isso. Então, para atender a qualquer autoridade, etc., nesse momento. Por que a 13a. Vara de Curitiba insiste nessa ilegalidade, eu tenho que, infelizmente fazer essa colaboração a meu país à distância, via videoconferência. 

Observação: de fato, Rodrigo Tacla Durán não foi preso quando estava nos Estados Unidos e a prisão foi decretada. Ele viajou dos Estados Unidos para a Espanha e não foi detido, apesar do determinação de Moro de colocar o nome dele na Interpol. Ele foi preso em solo na Espanha, em um hotel, depois que desembarcou. A Justiça julgou o pedido de extradição, concedeu no primeiro julgamento, mas negou no recurso. Tacla Durán tem nacionalidade brasileira e, filho de espanhol, também espanhola. A Espanha não extradita seus nacionais. A justiça decidiu que, se o Brasil quiser, deve mandar as provas que Moro tem para lá e, em corte espanhola, ele seria julgado. Moro não mandou prova nenhuma, mas decidiu processá-lo em Curitiba, à revelia.