Ex-assessora diz que distribuía panfletos para Carlos Bolsonaro em Nova Iguaçu, mas ele precisava de votos no Rio

Entre 2003 e 2005, Diva da Cruz Martins, hoje com 72 anos, foi contratada como assessora de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Seu salário era de R$ 3 mil por mês, em valores da época.
Não é possível dizer se ela ficava com todo o dinheiro, já que ela tem o perfil de fantasma. Só ia uma vez por mês à sede do Legislativo e assinava o ponto.
Ela diz que, nessas ocasiões, pegava panfletos para distribuir no centro de Nova Iguaçu, a cidade onde mora.
Por que Diva distribuía panfletos em outra cidade se Carlos Bolsonaro precisava de votos no Rio de Janeiro?
Este é indício veemente de que Diva, na verdade, era só um instrumento para desviar dinheiro público para os bolsos da família Bolsonaro, a popular rachadinha.
Pelo costume, que caracteriza crime de peculato, o político corrupto nomeia um fantasma, dá uns trocados para ele e fica com a maior do salário.
Há outros casos que foram descritos pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro na investigação em curso. Ananda Hudson, por exemplo, era contratada como assessora de Carlos Bolsonaro na Câmara, mas estudava em Resende, que fica a três da cidade do Rio de Janeiro.
Ela era esposa de Guilherme, que foi contratado como chefe de gabinete do vereador Carlos Bolsonaro entre 2008 e 2018, mas nunca teve crachá.
Ele sucedeu a Ana Cristina Siqueira Valle, a segunda mulher de Jair Bolsonaro, pivô do fim do casamento deste com Rogério Nantes, mãe de Carlos Bolsonaro e moradora de Resende.
Na família Bolsonaro, cada investigação é como uma enxadada na beira do rio. Cada golpe, um monte de minhoca.