Ex-BBB e professora da UFMG, Mara Telles é acusada de transfobia por estudantes

Mara Telles, ex-BBB e professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) foi denunciada por estudantes por transfobia. Servidora do Departamento de Ciências Políticas da universidade, ela foi acusada por membros do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (Cacs) de fazer publicação que ofende a comunidade trans.
Em publicação feita no Twitter no dia 11 de março, ela questionou o uso do termo “pessoas que menstruam”, usado para incluir homens trans nas temáticas sobre menstruação.
“Pessoas que menstruam’. Já estou começando a sentir saudades de quando só queriam a ‘linguagem neutra'”, escreveu Telles.
“Pessoas que menstruam”. Já estou começando a sentir saudades de quando só queriam a “linguagem neutra”. pic.twitter.com/zqcMH5BtMT
— Mara Telles (@MaraTellesReal) March 11, 2023
Após a denúncia, ela disse estar “chocada” com a acusação. A ex-BBB diz que os estudantes estão exigindo sua demissão à UFMG. “Juventude inconsequente que pretende apagar o histórico de lutar de uma ‘mulher véia’. Não sei se denuncio o etarismo ou a difamação”, escreveu nas redes sociais.
Chocada pelo fato da juventude bronzeada do Centro Acadêmico da UFMG ter EXIGIDO minha demissão por uma divergência pontual sobre expressões.
Juventude inconsequente q pretende apagar o histórico de lutas de uma “mulher véia”.
Não sei se denuncio o etarismo ou a difamação!
— Mara Telles (@MaraTellesReal) March 17, 2023
Ela ainda negou ser transfóbica e disse que questionou a “obrigatoriedade” do uso do termo. “O que eu questiono é a obrigatoriedade do uso dessa expressão, que tem sido propagada como um novo padrão político-correto. Entendo que a questão da inclusão de pessoas trans é extremamente importante e deve ser levada em consideração em todas as discussões, mas acredito que esse é um debate ainda inconcluso”, afirmou ao Estado de Minas.
Ela diz que os movimentos tem direito de usar a expressão, mas devem também aceitar as críticas de “algumas correntes feministas”. Telles também diz que está sofrendo difamação após o caso.
“Estou preocupada com minha integridade física e psicológica, pois temo que possa sofrer algum tipo de agressão ou violência, maior ainda do que já venho recebendo em mensagens apócrifas”, prosseguiu.
Segundo o Cacs, há casos de racismo, transfobia e misoginia envolvendo a professore desde 2015. O grupo diz que as denúncias não foram levadas para frente pela UFMG por falta de provas. Os estudantes confirmam que solicitaram o afastamento da professora, mas que se contentam com um “pedido formal de desculpas”.
“O curso de Ciências Sociais tem um grande número de pessoas trans, só no Cacs somos 7. Não podemos permitir que esse tipo de discurso seja perpetuado. Gostaríamos, ao menos, de um pedido formal de desculpas”, declara a gestão do grupo.