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Ex-cidade pacata, Maricá (RJ) tem morte de jornalistas e redação trancada por grades

Da Folha

O jornalista Romário Barros, assassinado em Maricá (RJ)

No dia 18 de junho de 2019, Denes Pereira, 28, atendeu uma ligação da mulher de Romário Barros, 31, seu colega e chefe no site Lei Seca Maricá, perguntando se eles estavam juntos. Romário tinha avisado que sairia para correr e ainda não havia voltado para casa.

Divulgadas na época, imagens de câmeras de segurança mostram um homem se aproximando do carro de Romário, abrindo a porta e disparando contra ele, antes de embarcar de carona em outro carro e fugir. O jornalista foi morto com três tiros, na cabeça e no pescoço.

“Foi uma das maiores dores da minha vida. Por um tempo não conseguia dormir direito”, conta Denes, que encontrou o amigo. Hoje, ele é diretor-geral do Lei Seca Maricá, que tem em seu logo um laço preto simbolizando luto.

A morte violenta de Romário mudou a rotina do site, que chegou a parar por algumas semanas. Antes, os jornalistas escreviam as reportagens dentro do carro e trabalhavam direto da rua.

Depois do crime, a Redação passou a ter um escritório fixo, com grades, e a atenção e cautela foram redobradas nos temas abordados —as pautas, segundo o jargão jornalístico.

O assassinato de Romário foi o segundo de um jornalista registrado em menos de um mês na cidade do litoral do Rio de Janeiro, com população de cerca de 162 mil habitantes, segundo o IBGE. Em 25 de maio de 2019, Robson Giorno, do jornal O Maricá, foi morto a tiros, na porta de sua casa. (…)

“Nunca tinha acontecido nada parecido, a cidade sempre foi muito pacata e fazíamos o trabalho com a maior tranquilidade. Foi algo que deixou uma lacuna para a gente”, relata Paulo Celestino, presidente da AIM (Associação de Imprensa de Maricá), que diz evitar entrevistas sobre os casos. (…)