Ex-traficante é autorizada por Heleno a explorar garimpo em área próxima a yanomamis
Nos últimos dias do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro-chefe de Segurança da Presidência, o general da reserva Augusto Heleno, autorizou a exploração de ouro em uma área de 9,8 mil hectares vizinha à Terra Indígena Yanomami, em Roraima, na fronteira com a Venezuela.
A beneficiária da ação do general da reserva é a garimpeira Creusa Buss Melotto, que já cumpriu pena de prisão por tráfico de drogas e que foi denunciada pelo Ministério Público (MP) por suspeita de receptação de pneus roubados. A mulher já foi pega em flagrante, pagou a multa e foi solta.
O ex-ministro concedeu o “assentimento prévio” para a mulher, uma autorização indispensável para empreendimentos como mineração na faixa de fronteira, que se estende por uma largura de 150 km. A permissão à exploração de ouro, numa área vizinha à terra indígena, foi estabelecida no dia 14 de dezembro de 2022. A decisão foi divulgada no Diário Oficial da União (DOU) do dia seguinte.
Em seu cargo durante o governo do ex-presidente, Heleno também tinha a função de secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, que dava para ele autoridade de escolher quais projetos de exploração de minérios na área de fronteira seriam liberados ou não. E então, ele autorizou.
Segundo Heleno, “esses assentimentos prévios de garimpo têm um longo processo para que sejam regulados” e que a resposta a ser dada pelo ministério, na atual gestão, seria suficiente. “Não desejo me pronunciar”, disse em uma mensagem para a Folha de S.Paulo.
No final de 2021, Heleno autorizou o avanço de outros sete projetos de exploração de ouro em terras indígenas na região conhecida como Cabeça do Cachorro, uma decisão ilegal. Além disso, os assentimentos prévios foram concedidos a pessoas e empresas interessadas em garimpos numa das regiões mais preservadas da Amazônia, na fronteira do Brasil com Colômbia e Venezuela.