Executivo da Siemens diz à PF que recebeu ordem para destruir papéis de conta em Luxemburgo
O gerente-geral da área de projetos corporativos da Siemens, Sergio de Bona, afirmou em depoimento à Polícia Federal que recebeu instruções para destruir “todo e qualquer documento” relativo à conta bancária secreta que ex-diretores mantinham no grão-ducado de Luxemburgo, um paraíso fiscal.
A descoberta da conta pela matriz da Siemens na Alemanha, durante auditoria interna após o escândalo de corrupção mundial na empresa, resultou na demissão de Adilson Primo, então presidente da filial do Brasil, em outubro de 2011.
Primo era um dos proprietários da conta bancária em Luxemburgo, que foi irrigada com cerca de US$ 7 milhões de dinheiro da Siemens na Alemanha e nos Estados Unidos.
Um executivo da Siemens na Alemanha, Mark Gough, disse, também em depoimento à PF, haver suspeitas de que a conta era utilizada para pagar propina a agentes públicos no Brasil.
Sergio de Bona, que depôs aos policiais em 29 de novembro, está na Siemens desde 1979.
Ele era o controller, responsável pela contabilidade da empresa, entre 2004 e 2006, época em que contou ter sido chamado por seu então chefe, José Manuel Romero Illana, e pelo antigo ocupante da função, José Antonio Lunardelli, a quem de Bona sucedera.
Segundo seu relato à PF, houve uma reunião entre os três, na qual Romero não entrou em detalhes, mas disse que precisava “de sua ajuda para encerrar uma conta no exterior”.
Ele relatou ter participado de outra reunião com seu chefe, Lunardelli e o advogado Roberto Justo – este último foi quem abriu a conta em Luxemburgo.
Sobre essa ocasião, a PF anotou, citando de Bona: “Na reunião, recebeu as seguintes instruções de Justo, na presença de Lunardelli e Romero: coletar assinaturas e entregar os documentos sempre pessoalmente ao advogado, que destruísse todo e qualquer documento gerado em relação à conta, e que não deveria contar a existência da conta nem para sua mulher”.
Saiba Mais: Estadão