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Extremistas abandonam deep web e formam grupos de ódio nas redes sociais

Ataque à escola Thomazia Montoro, em São Paulo, vitimou uma professora e feriu outras cinco pessoas. (Foto: Andre Ribeiro/Futura Press/Folhapress)

Grupos extremistas compostos por jovens que antes se restringiam a fóruns ocultos da internet, como chans ou deeb web, têm avançado nas redes sociais e aumentado número de acessos no Twitter e no TikTok. Um dos principais alvos são adolescentes, em geral meninos, em busca de aceitação e atraídos por replicar ideias radicais. Na véspera do atentado a escola Thomázia Montoro, nessa semana, o agressor, de 13 anos, fez publicações nas redes indicando a intenção violenta.

O problema dos extremistas ganharem espaço em ambientes abertos da internet é a elevação da capacidade de cooptar adolescentes. Em 2021, o Ministério da Justiça e Segurança Pública começou um trabalho de prevenção no Ciberlab, um laboratório de operações cibernéticas que passou a ficar mais focado em auxiliar as polícias a desarticular possíveis atentados em escolas. Desde que o trabalho começou, o Ministério já disparou 134 alertas de atentados em colégios.

Os grupos normalmente se organizam por subculturas como a True Crime Community – focadas em ideários misóginos (ódio à mulher) e neonazistas – e costumam homenagear autores de outros massacres. “Eles formam um sistema de crenças no qual têm uma imagem autopercebida distorcida, de que o atentado vai transformá-los em heróis, em mártires, e de que haverá uma purificação”, explica Michele Prado, que integra o Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP e estuda a extrema-direita. Ela afirma que as postagens apresentam falsamente os crimes de ódio como reação a uma sensação de exclusão.

É comum achar nas redes sociais vídeos editados que romantizam autores de atentados antigos, com músicas dramáticas e conotação heroica. Antes do caso dessa semana, o adolescente disse que esperava justamente a difusão de conteúdos o exaltando após o ato. No ataque, usou uma máscara de caveira, já conhecida de outros atentados.

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