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Fachin diz que Brasil vive “recessão democrática” sob Bolsonaro e que o momento “é de alerta”

Do blog de Fausto Macedo

O ministro do STF Luiz Edson Fachin — Foto: Rosinei Coutinho/Supremo Tribunal Federal

Nesta segunda-feira (01), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), participou de live da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) em homenagem ao constitucionalista Paulo Bonavides. Fachin fez uma breve fala durante a mesa que discutia a ‘democracia representativa’. Em sua explanação, o ministro afirmou que vive-se no Brasil uma ‘recessão democrática’ e que o momento ‘é de alerta’. “Além da tragédia pandêmica que assola todo o País, é verificado todo dia atentados a imprensa, apologia à ditadura, tortura; a depreciação do valor do voto e o incentivo às armas e à violência; e ainda, o incentivo a animosidade entre as forças armadas e a sociedade civil”, disse.

Fachin defendeu o sistema eleitoral brasileiro, destacando a sua lisura e transparência. “É ciente dessa premissa que a Justiça Eleitoral brasileira tem atuado com absoluta transparência, com o labor de entidades independentes e apartidárias”, disse. Ele reiterou a legitimidade de um governo eleito através do voto popular, mas ponderou que incentivos a medidas e comportamentos antidemocráticos ferem a autoridade de gestões, que façam uso de tais mecanismos de persuasão. “É legítimo governo que decorre de eleições regulares e, portanto, atende às demandas do povo. Mas é ilegítimo um governo que passa a atuar contra a normalidade constitucional”, afirmou.

Ele ainda destacou que uma gestão que não atende às promessas feitas em campanha tem potencial para desacreditar os cidadãos. “É forçoso reconhecer que o voto, quando desacompanhado das promessas públicas da sua legítima captação, permite impregnar um ceticismo generalizado, produzido pelas constantes falhas no exercício da representação”. O ministro defendeu que ‘um governo encontra apenas o seu início nas eleições’ e que a administração pública ‘depende da adoção, da compostura traduzida numa efetiva vigilância do comportamento dos mandatários contra desvios que contrariem a essência da representação, a democracia participativa promove a defesa do engajamento cívico das mais variadas formas’. (…)