Fake news de Trump: não há evidências de relação entre Tylenol e autismo

O governo dos Estados Unidos apresentou na última segunda-feira (22) um relatório que defende associação entre uso de medicamentos como paracetamol e tylenol durante a gravidez e diagnóstico de autismo, e que já foi abraçado pela extrema-direita no Brasil. A iniciativa segue declaração do Secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr., que em abril prometeu revelar supostas causas do transtorno até setembro.
Especialistas internacionais criticam a proposta. Ian Douglas, professor da London School of Hygiene and Tropical Medicine, alerta: “Embora alguns estudos tenham encontrado pequenas associações, devemos ter muita cautela antes de concluir vínculo causal”. Edward Mullins, do Imperial College of London, completa: “O consenso baseado nas melhores evidências é que paracetamol na gravidez não está ligado ao autismo”.
O maior estudo sobre o tema, publicado na revista JAMA em 2024, analisou 2,4 milhões de crianças suecas e não encontrou relação significativa. A pesquisadora Renee Gardner, do Instituto Karolinska, explicou: “Não vimos risco aumentado de autismo em crianças expostas ao paracetamol no útero quando comparadas com seus próprios irmãos não expostos”.
Médicos recomendam que gestantes não interrompam medicamentos sem orientação profissional. Dimitrios Siassakos, da University College London, ressalta: “O autismo resulta de vários fatores, principalmente predisposição genética. Qualquer aumento marginal associado ao paracetamol tende a desaparecer quando analisamos fatores relevantes”.