Fake news podem explicar crescimento de bancada do PSL de Bolsonaro, diz advogada

O candidato do PSL à Presidência da República Jair Bolsonaro – Fernando Frazão/Agência Brasil

Da RBA

Integrante da coalizão Direitos na Rede, a advogada especialista em direito do consumidor Flávia Lefèvre levanta suspeita sobre a legitimidade da eleição de deputados pelo Partido Social Liberal (PSL), legenda comandada por Jair Bolsonaro. Ela levanta a hipótese de que os resultados obtidos pelos candidatos da legenda podem ter sido influenciados pela estratégia de notícias mentirosas espalhadas em massa pelas redes sociais e em grupos do WhatsApp.

Reportagem publicada nesta quinta-feira (18) pela Folha de S.Paulo revelou esquema em que empresários apoiadores de Bolsonaro pagam assessorias para produzir e espalhar fake news contra o PT, o que afeta diretamente a campanha do candidato Fernando Haddad e sua vice, Manuela D’Ávila (PCdoB).

“Empresários estão financiando as mensagens para influenciar a eleição, de maneira ilegal, influenciando negativamente as pessoas a votar no partido ou na coligação de Bolsonaro. E para saber como isto contamina o processo eleitoral como um todo, a gente pode ver o que aconteceu na eleição para deputado federal. O PSL tinha até esse mandato apenas 8. Agora tem 52, um número que cresceu 650%. Isso é artificial e resultado de uma campanha que não seguiu as regras definidas pela lei eleitoral”, disse Flávia, em entrevista ao Seu Jornal, da TVT.

Para a advogada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem de tomar providências urgentes quanto a isso e também com relação à disseminação das notícias falsas. “Antes das eleições, o ministro Luiz Fux disse que os partidos não poderiam fazer uso ilegal das redes sociais, sob pena de a eleição ser anulada. Não é isso que a gente quer, e sim mais ética, transparência e informações nessas eleições marcadas pela ilegalidade e pela fraude às garantias que estão na lei”.

Uma entrevista coletiva que a presidenta do TSE, ministra Rosa Weber, havia convocado para a tarde de hoje (19) para falar sobre as providências que deverão ser tomadas, foi adiada para o próximo domingo. Entre as razões apresentadas, a necessidade de agenda para discutir as denúncias contra Bolsonaro com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro.

Flávia defende ainda que o tribunal determine às empresas de marketing político que esclareçam sobre a retirada de dados de maneira ilegal da plataforma do Facebook. Em menos de um ano ocorreram três episódios de falta de segurança com vazamento de dados pessoais para empresas desconhecidas.

“O Facebook ainda não informou qual é a empresa que hackeou os dados. E depois, de posse desses dados, aplicam algoritmos, formam perfis de pessoas suscetíveis a determinadas notícias e depois disparam milhões de informações, quase todas falsas, para explorar o medo e a insegurança dessas pessoas”, disse.

A advogada deu o seguinte exemplo: Os algoritmos escolhem pessoas que moram em regiões de alta criminalidade, e manda para elas mensagens dizendo que Haddad vai soltar todos os bandidos – o que é uma das notícias falsas disparadas. E para aqueles cujo perfil mostra que têm filhos pequenos, manda mensagens dizendo que Haddad vai distribuir os tais “kit gay” nas escolas, o que também foi explorado.

Ela lembrou ainda que o Facebook e o Whatsapp são do mesmo grupo econômico, um dos cinco mais ricos do mundo. E que ao permitir o vazamento de dados de usuários e o envio em massa de mensagens por um aplicativo criado para conversas entre duas pessoas ou grupos menores, as plataformas estão causando um dano que é coletivo. “Ambas têm de dar segurança. Têm de ser responsabilizadas por danos coletivos e difusos por conta de tudo o que está acontecendo”.

Larissa Bernardes

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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