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Família de vítima do Jacarezinho diz que ela entrou viva no Caveirão

Organizações e as comissões de Direitos Humanos da Alerj e da OAB-RJ conseguiram acesso a seis casas e os sinais são de arrombamento, com civis mortos e sem marcas de troca de tiros. “Foi execução”. Foto: Renato Moura/A Voz das Comunidades

Marcado por muita emoção e correntes de orações, o enterro de Natan Oliveira de Almeida, de 21 anos, um dos 28 mortos na favela Jacarezinho, durante operação policial realizada na quinta-feira, aconteceu na tarde deste sábado, no Cemitério da Penitência, no Caju. Familiares da vítima confirmam que ele tinha envolvimento com o tráfico de drogas, mas alegam que ele se rendeu e entrou vivo no caveirão.

Padastro de Natan, o comerciante Samuel Ferreira da Silva conta que a família está devastada. Casado, ele deixa uma filha de 10 meses. Participaram do enterro cerca de 35 pessoas, que foram levadas da comunidade ao cemitério em um ônibus cedido por uma viação, a pedido da associação de moradores.

— O Natan era uma pessoa boa. Não vou negar que ele vendia droga e fumava maconha, atuava como vapor, mas ele não resistiu à prisão, nem trocou tiros com a polícia. Muitos moradores viram ele se entregando, dizendo que “perdeu”, e entrando no caveirão vivo, sem estar baleado. Só que ele morreu com um tiro no estômago. Criei ele desde que tinha três anos de idade. Era um garoto bom, meigo, alegre, que tirava a roupa do corpo para te dar. Não estou justificando o que ele fazia de errado, mas se ele se entregou, como a favela inteira viu, ele era para ter sido preso, não executado. A mãe dele está à base de sedativos — relatou o padastro.

X.X.X.