Felipe Neto tenta se explicar após polêmica sobre leitura obrigatória de Machado de Assis

O empresário e influenciador Felipe Neto voltou às redes sociais, nesta segunda (25), para tentar se explicar após ter se envolvido em uma polêmica sobre a leitura obrigatória de Machado de Assis nas escolas.
Felipe sugeriu que a obrigatoriedade faz com que os jovem achem literatura ‘um saco’.
Após a ‘poeira baixar’, o influenciar escreveu o seguinte no Twitter:
Eu não sou pedagogo, sou apenas um entusiasta do estudo a respeito da educação e da forma como as escolas hoje falham com os alunos. Contudo, ainda sou mto jovem e tenho mto a aprender. Minha área não é a educação em si, mas sim o campo da criatividade. Vamos lá…
Qnd postei o tweet sobre a leitura forçada e obrigar adolescentes a ler obras do realismo e romantismo brasileiro, eu estava só postando um MEME. Sim, um meme. Era uma foto da Palmirinha dizendo “poste uma treta literária e saia”. É óbvio q eu não imaginava isso tudo.
Se tivesse imaginado q daria essa treta colossal, teria me dado ao trabalho de aprofundar mais sobre o assunto, ao invés de só meter um tweet de 260 caracteres e TCHAU GALERE! Enfim, deu no q deu, mas mantenho minha posição sobre o q afirmei lá, 100%.
É importante dizer q eu não tirei aquela opinião da bunda. Eu estava apenas citando a opinião de inúmeros especialistas em educação e literatura, que lutam hoje para desconstruir a forma como a disciplina é aplicada nas escolas. Eu não pensei naquilo de uma hora pra outra.
Tb é importante dizer q em momento algum eu minimizei o trabalho ou a importância de Machado de Assis e todos os outros autores do realismo brasileiro. Eu sou fã de Machado, mto embora tenha odiado qnd adolescente e só passado a gostar dps de adulto, qnd dei outra chance.
Agora, o q verdadeiramente importa… O q eu acredito não é em tirar clássicos da literatura do currículo escolar e SHOW DE BOLA AGORA VAI… Eu acredito numa reformulação completa do sistema de ensino. Reformulação essa q é pedida por especialistas desde a década de 60.
Pegue uma foto de uma indústria em 1900 e compare com uma indústria hoje em dia (é raso, eu sei, existem milhares de tipos, mas é só pra ilustrar)
Agora compare uma foto de uma sala de aula em 1900 e uma foto de uma sala de aula hoje em dia…
É opinião de muita gente do ramo da pedagogia e da especialização em criatividade que o ensino parou no tempo. Autores de referência: Alex Osborn, Sir Ken Robinson, Tina Seelig, Michael Michalko, Howard Gardner, Daniel Kahneman, Graham Wallas.
Contudo, a mudança estrutural do ensino como um todo foge da minha área de expertise. Precisaríamos falar de Piaget, Paulo Freire, construtivismo, Rudolf Steiner e milhares de outras referências. Impossível. O que eu sou especialista é no estudo da criatividade.
Não só eu passei os últimos anos da minha vida mergulhado e dedicado ao estudo e aprofundamento da criatividade humana e como podemos explorá-la e ampliá-la, como criei um curso inteiro sobre isso, com mais de 120 aulas, mas que ainda não foi lançado.
E se tem uma coisa que é consenso entre todos os especialistas acadêmicos do ramo da criatividade é: O maior assassino da criatividade humana hoje é a escola. Isso não é só a opinião deles, é documentado por estudos feitos ao longo de décadas.
O “Right Question Institute” mapeou o comportamento de jovens para ver o quanto eles lêem, escrevem e fazem perguntas. O resultado foi bizarro. Qnt mais avançam na escola, menos perguntas fazem, embora leiam e escrevam mto mais. A escola DESINCENTIVA o questionamento.
Segundo Warrem Berger, o maior problema nem é o fato de se fazer menos perguntas, uma vez que você pode presumir que os jovens passaram a googlar mais. O real problema é que, ao mesmo tempo em q o nível de perguntas despenca, também despenca o engajamento do jovem na escola.
George Couros escreve o seguinte: “Num mundo onde novos desafios surgem constantemente, estudantes precisam ser ensinados a pensar criticamente sobre o que estão enfrentando. (…) Ainda mais importante, nossos estudantes precisam aprender como fazer as perguntas certas”.
E continua: “Não estou dizendo que as escolas de hoje são irrelevantes – ainda … O que estou dizendo é que precisamos mudar como as escolas se apresentam para nossos estudantes para que possamos criar novas, relevantes oportunidades para eles – para seus futuros e para hoje”.
Pra finalizar, pq esse assunto rende inúmeros livros… Qnd eu posto um meme dizendo q discordo da forma como a literatura clássica é apresentada nas escolas, não acredito q a solução é tirar os livros. A solução é debater todo o sistema de ensino tradicional aplicado hoje.
Epílogo: só pra deixar claro, hoje não é possível rolar esse debate, pq precisamos primeiro lutar para q a educação no Brasil CONTINUE EXISTINDO. Pq, no q depender desse desgoverno, ela será trocada por homeschooling e sucateamento de tudo, incluindo os heróis, os professores.