Fim da Lava Jato? Relator do impeachment quer “pacto” com o Judiciário
Do Valor:
Líder do PTB há dez anos e em seu sexto mandato de deputado federal, Jovair Arantes (GO) é pressionado nas ruas, no gabinete, no telefone e até em casa sobre o conteúdo do parecer que promete apresentar até o dia 12 de abril sobre o pedido dos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal para destituir a presidente Dilma Rousseff – função de maior destaque em sua vida pública até hoje.
Aliado ao mesmo tempo do governo e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aceitou o pedido de impeachment e é um dos principais articuladores do processo, o petebista foi escolhido relator em reunião na casa do pemedebista com líderes partidários, em um acordo que excluiu o governo. PT e o PMDB do comando da comissão. A oposição foi contemplada, porque o PSDB ficou com a vice-presidência. O petebista nega que o local da unção seja indicativo de que cassará Dilma.
Arantes deixou, porém, de frequentar as reuniões no Palácio do Planalto e só tem participado dos encontros na casa ou gabinete de Cunha. “Não vou mais nas reuniões do governo e orientei a nenhum deputado do PTB participar porque temos a relatoria. Agora tenho participado de todas as reuniões da presidência da Casa porque é papel do líder.”
Em entrevista exclusiva ao Valor, projeta ainda que, independentemente do resultado do impeachment, o presidente – seja Dilma ou o vice Michel Temer (PMDB) – terá que rearranjar o país em um acordo que envolva o Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público. Só assim, afirma, será possível manter o Brasil como ” protagonista na América Latina” e evitar convulsão social nas ruas do país.
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Valor: Há crise política e econômica. Haverá estabilidade após o processo de impeachment?
Jovair Arantes: Qualquer que seja o resultado deverá haver um freio de arrumação. Aconteça o que acontecer, os homens de bom sendo que estejam na administração central, no Judiciário, no Ministério Público e no Legislativo têm que sentar e achar um modus operandi de acalmar o mercado internacional e interno e colocar as coisas para funcionar, sob pena de deixarmos um país muito fraco. Tem que achar um ponto de equilíbrio para não causar convulsão social no Brasil.