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Folha critica Paulo Skaf em editorial e chama Fiesp de ‘grande cartório’

Do editorial da Folha:

A tendência de organizações nascidas para vocalizar interesses coletivos de se converterem com o tempo em fortalezas inexpugnáveis à renovação, dedicadas a proteger seu grupo restrito de dirigentes, é um fato fartamente descrito na literatura econômica e sociológica.(…)

Veja-se a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, cujo presidente, Paulo Skaf, já foi eleito quatro vezes seguidas e poderá ter permanecido no cargo 16 anos, caso não reincida na mudança dos estatutos para alongar a estadia. Por duas vezes, nesse período, já pôde desvincular-se do posto, disputar eleições majoritárias e voltar a ele depois da derrota.

As fronteiras entre, de um lado, a aventura política pessoal e, do outro, o comando de Fiesp e Ciesp —bem como dos braços paulistas de Sesi e Senai— ficaram borradas.(…) O que resta como nota duvidosa são as motivações da recente aproximação com o bolsonarismo. Seriam circunscritas às razões apresentadas, de alinhamento com a política econômica do governo federal, ou estariam sobretudo relacionadas às nunca saciadas pretensões eleitorais de Paulo Skaf?

A confusão fica difícil de ser desfeita quando a Fiesp já vai longe na trilha para consolidar-se como um grande cartório. O ministro Paulo Guedes, que na campanha prometia combater o padrão oligárquico da representação sindical no Brasil, parece ter-se acomodado à sombra do prédio na avenida Paulista.