Funcionária com câncer foi obrigada a mostrar seio para chefe: “Inadmissível”

O diagnóstico de câncer de mama foi apenas o início de uma série de abusos enfrentados por Angela, 49 anos, operadora de caixa em um comércio de Embu das Artes (SP). Durante o tratamento, ela foi submetida a situações vexatórias no ambiente de trabalho, incluindo ser coagida por uma supervisora a mostrar os seios para comprovar que estava doente.
A cena ocorreu após a funcionária relatar dores na mama e pedir para sair mais cedo, dois meses depois de uma cirurgia. Angela foi contratada em 2017 e recebeu o diagnóstico no fim de 2018. Mesmo em tratamento com quimioterapia e radioterapia, continuou trabalhando.
O assédio moral agravou o quadro de saúde mental da trabalhadora, que foi afastada diversas vezes por depressão entre 2020 e 2023. No episódio mais grave, em abril de 2023, após relatar dores e inchaço na mama, foi levada ao banheiro pela supervisora e forçada a tirar a blusa e o sutiã. “Hoje vejo que foi inadmissível o que ela fez comigo”, disse.
No mesmo dia, Angela foi internada no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) com inflamação mamária. Ela deixou o emprego em maio de 2024 e entrou com uma ação trabalhista contra a empresa. A Justiça reconheceu a rescisão indireta do contrato e condenou o antigo empregador a pagar cerca de R$ 47 mil por danos morais e verbas rescisórias. A sentença transitou em julgado e não cabe mais recurso.