Funcionária obrigada a usar legging e cropped em posto pediu demissão após denúncia

Uma ex-funcionária que denunciou um posto de combustíveis em Recife (PE) por exigir o uso de roupas justas e curtas, como calça legging e cropped, pediu demissão após relatar o abuso. Segundo o advogado Sérgio Pessoa, do Sinpospetro-PE, que representa frentistas e demais trabalhadores do setor, a funcionária estava psicologicamente abalada pela imposição das vestimentas. O sindicato também recebeu relatos de demissões de funcionárias com corpos considerados “fora do padrão” no Posto Power.
A partir da denúncia do sindicato, o Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco determinou, no sábado (7), o fim da exigência de legging e cropped. Na decisão, a juíza Ana Isabel Koury, da 10ª Vara do Trabalho de Recife, classificou as peças como forma “desnecessária” de expor o corpo das trabalhadoras em um ambiente de grande circulação e público majoritariamente masculino. A magistrada afirmou que o uniforme desvirtuava a função de proteção e aumentava a vulnerabilidade das empregadas a práticas de assédio moral e sexual, além de impor um padrão estético que “sexualiza o corpo feminino e normaliza sua exposição em um contexto profissional inadequado”.
O posto terá até cinco dias para fornecer uniformes considerados adequados, como calças de corte reto e camisas de comprimento padrão, sob pena de multa diária de R$ 500 por funcionária em descumprimento. No processo, a juíza ressaltou que o empregador deve garantir ambiente livre de práticas discriminatórias e que a imposição de roupas sexualizadas fere a integridade moral e psíquica das trabalhadoras. Em nota, o Posto Power negou as acusações, afirmou que as imagens não mostram funcionárias da empresa e disse ter substituído as leggings por peças jeans. A distribuidora Petrobahia declarou que o registro é antigo, que o posto tem nova gestão desde outubro e que segue normas de segurança e saúde no trabalho.
