G-20 ignora Bolsonaro e defende órgãos multilaterais, como OMS

Imagem: Jacques Witt / POOL / AFP
Da Coluna de Jamil Chade no UOL.
O fortalecimento da OMS, a defesa do multilateralismo, a volta do compromisso ambiental e de que haja uma coordenação mundial para lidar com a pandemia. Com tais temas sobre a mesa, o G-20 tomou decisões e pautou o cenário internacional em 2021 com uma direção que irá aprofundar a pressão sobre a política externa de Jair Bolsonaro.
Nos últimos dois anos, o Itamaraty optou por se distanciar de organismos internacionais, insistindo que a prioridade era reforçar a soberania do país. O governo também passou a questionar ações e decisões de agências, como a OMS, e dar sinais de que seus compromissos com tratados internacionais não eram sólidos.
Nos temas ambientais, a postura do governo brasileiro passou a ser de críticas aos líderes estrangeiros, sem dar qualquer sinal do que estaria disposto a fazer para cumprir suas metas do Acordo de Paris.
Em parte, a atitude do Brasil era respaldada pelo governo de Donald Trump, claramente isolacionista e que passou a insistir em seu lema “America First”. O impacto foi o enfraquecimento de temas globais e da coordenação internacional.
Mas a cúpula das maiores economias do mundo, neste fim de semana, marcou o fim da presença internacional do americano e, segundo negociadores, houve uma clara determinação de várias delegações para estabelecer decisões que já fossem um espelho da esperança de que o governo de Joe Biden volte a favorizar a cooperação internacional.
Trump não saiu de cena sem causar polêmica. Em seu discurso no sábado, afirmou que esperava “trabalhar por muito tempo” ainda com os demais líderes, numa insinuação de que não aceita sua derrota nas eleições. Mas ele também usou o palco internacional para fazer um ataque violento contra o Acordo de Paris.
Negociadores comentaram que os demais líderes estavam comprometidos em manter a direção das conversas e minimizaram as declarações de Trump, preferindo insistir sobre o fato de que existe um compromisso de Biden com o Acordo de Paris.
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