Gabriel Monteiro pedia pessoa negra e com aspecto de pobreza para vídeo, disse ex-assessor

Foto: Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
O youtuber e vereador Gabriel Monteiro (PL) tinha um método específico para escolher as pessoas que participariam como personagens de seus vídeos. Ele determinava que os assessores fossem às ruas, conversassem ou fotografassem pessoas vulneráveis para que escolhesse quais iria abordar.
Isso teria acontecido inclusive, nas produções em que o vereador abordou uma criança cuja mãe vendia bala na rua e orientou sobre o que teria que falar. As informações constam do depoimento de Vinícius Hayden Witeze, uma das testemunhas do processo contra Gabriel por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores.
“Quem roteirizava tudo era o Gabriel (…) (ele) dizia como ia ser do início, meio e fim. Ele fala assim: ‘Eu quero uma pessoa negra, eu quero uma pessoa com cabelo desgrenhado, eu quero uma pessoa com aspecto de pobreza, eu quero uma pessoa vulnerável e que esteja ali num sinal, na rua, alguma coisa, para poder gravar. Vai para a rua e arruma (…)'”, disse o ex-assessor, que morreu dias depois ao depoimento, no fim de maio em um acidente de carro.
Vinicius Hayden também declarou que havia sofrido ameaças por ter se voltado contra Gabriel Monteiro e pensava em pedir proteção policial. “Que eu vou morrer, que vão me pegar, isso está tudo impresso aqui também. Eu imprimi, trouxe para os senhores e entreguei também na delegacia. Eu queria muito saber até como faz para pedir proteção”, contou.