Gabriela Prioli: “Anitta está percebendo quanto suas ações podem ser relevantes”

Da Coluna Direto da Fonte de Sonia Racy no Estado de S.Paulo.
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Você é tida por Anitta como ‘madrinha’ dela na política. Esta semana, a cantora negou o desejo de concorrer a presidente. Acha que ela leva jeito e pode concorrer a algum cargo?
Eu acho que ela, já faz algum tempo, tem se interessado por aprender mais e está percebendo o quanto suas ações podem ser relevantes. Por enquanto, ela faz diferença no lugar que ocupa. Como isso vai evoluir é algo que só o tempo dirá.
Como surgiu a ideia de fazer live-aula sobre política?
Anitta me ligou e disse: ‘cara, bora fazer?’ Eu topei. Ela é muito minha amiga.
Como você e Anitta ficaram amigas?
A gente se conheceu na época do #EleNão (movimento contra Bolsonaro nas eleições de 2018). Meu marido é músico e já a conhecia. A gente estava em um hotel… A Anitta sofria pressão das pessoas para se posicionar naquelas eleições. Tentei ajudar, do meu jeito. Ela se sentiu confortável comigo e começou a me fazer perguntas. Para as lives, agora, ela escolheu os temas. A primeira foi sobre Legislativo, Executivo e Judiciário. Para a segunda, ela disse: “Amiga, me explica isso de direita e esquerda”. Eu: “Ah, facílimo, facílimo em 1 hora” (risos). Não sei quantas mais vamos fazer.
Viralizou trecho da primeira live com Anitta em que a cantora pergunta se os ministros do STF não eram os mesmos ministros de Bolsonaro. Como você avalia essa dúvida da cantora e, ao mesmo tempo, a reação das pessoas?
Então, eu nem percebi na hora. Porque eles têm o mesmo nome: ministros. É uma confusão razoável. Algumas coisas são feitas (na política) para não se entender mesmo. Mas algumas outras são reproduções de um status quo. A gente teve um problema severo de analfabetismo. Nossa elite era um grupo pequenininho, e o palavreado difícil era um traço distintivo dessa elite intelectual. Então isso também é uma reprodução da dominação que a gente viveu. É delimitação de grupos mesmo.
Houve um ponto que a Anitta tocou – mesmo sem saber -, que é a crise federativa inédita na pandemia da covid-19. A cantora pergunta algo como: ‘Bolsonaro é o presidente, diz que é contra o isolamento, mas os governadores desobedecem… Como assim, ele é o presidente e não manda?’
Pois é! É difícil mesmo! E ai? Como é isso? Como a gente explica? Não tem resposta simples. É difícil. Até que ponto os governadores podem descumprir a medida do presidente? Isso é complexo. Vai ter muita judicialização. Por que você acha que no Brasil nós temos processo pra caramba?
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