Gado fica em dúvida se perfil fake bolsonarista é de direita como eles

Burros, bolsonaristas estão em dúvida se o perfil do “Coronel Siqueira” é de direita como eles.
Eles apontam “problemas de semântica”, “frases inacabadas” e “ambiguidade” em seus tuítes.
O perfil é claramente uma paródia do arquétipo da extrema-direita nas redes e critica absurdos do presidente e seus apoiadores com ironia.
Um dos idiotas chegou a bloqueá-lo, chamando-o de “agente duplo”.
Atualização em 5 de abril de 2023:
DIREITO DE RESPOSTA DE DAWSON PAULO ALEXANDRE BARRETTO BRANDÃO
Por ordem do Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito SANDRO LÚCIO BARBOSA PITASSI exarada nos autos do processo nº 0031544-66.2021.8.19.0001 que tramitou perante o MM. Juízo da 37ª Vara Cível da Comarca da Capital do Rio de Janeiro, segue o resumo do objeto da ação judicial movida por DAWSON PAULO BRANDÃO contra DCM – Diário do Centro Mundo. Segundo a notícia publicada pelo DCM com o título “Gado fica em dúvida se perfil fake bolsonarista é de direita como eles”, DAWSON e outros internautas são “burros”, pois “apontam ‘problemas de semântica’, ‘frases inacabadas’ e ‘ambiguidade’ em seus tuítes”, além de ser “um dos idiotas” como o que chamou o tal perfil falso de “agente duplo”. A notícia informa que “o perfil é claramente uma paródia do arquétipo da extrema-direita nas redes e critica absurdos do presidente e seus apoiadores com ironia” e é ilustrada com o print do tal perfil que fala em “cheque do Queiroz”, “fazer rachadinha”, “estupro”, “atacar jornalista”, “matar negro” e outros.
Em sua defesa, DAWSON afirma que não entrou na questão da dúvida sobre um perfil do Twitter (se “fake” ou “de direita”), mas apenas disse ao seu seguidor que a redação do perfil falso pode ter mais de um entendimento possível, gerando problemas de interpretação e dificuldades de comunicação. Dessa forma, o DCM insiste na prática da mentira que já o levou a ser condenado por “fake news” pelo Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso, que igualou a distorção de uma notícia do g1 pelo DCM à técnica de propaganda nazista utilizada por Goebbels.
DAWSON explica que não pode ser chamado de “burro” porque sua observação foi motivada pelo fato de que o referido “parodista” critica dois vieses políticos opostos, pois o tal perfil falso fala em “cheque do Queiroz” e “fazer rachadinha”, sendo que a recordista de uma tal “rachadinha”, segundo a imprensa da época (notícias de g1, Jovem Pan e Renova Mídia), seria uma assessora de uma agremiação política que patrocinava o DCM com dinheiro público (conforme noticiado pelo jornal O GLOBO de 18/06/2016; pela Folha de São Paulo e pela coluna de Reinaldo Azevedo na Veja, ambos de 29/09/2016), segundo consta nos registros oficiais do IAP de 2014 a 2016 (revelados pelo Poder 360 e reproduzidos na coluna de Felipe Moura Brasil na Veja de 31/07/2015). A palavra “estupro” também permite o direcionamento da crítica à oposição ao atual governo, uma vez que outro assessor da mesma agremiação política chegou a ser preso por esse crime (conforme noticiado pela Veja, O Povo Online e g1).
Por sua vez, a expressão “atacar jornalista” pode ser estendida aos profissionais da imprensa vitimados pelos Black Blocs (conforme itens 52, 57 e 198 dos Relatórios Anuais de 2005 a 2015 da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão no Brasil compilados pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos), sob a conivência de partidos “de esquerda”, conforme denúncias da Carta Maior, Correio Braziliense, Veja e Brasil 247. Por último, “matar negro” pode referir-se aos casos do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade e da policial Juliane dos Santos Duarte (negra, moradora de periferia e lésbica), que nunca são lembrados em protestos pela importância de vidas negras. DAWSON estranha que o DCM informe na Internet ser um “site apartidário” que faz “análises com a mais absoluta independência editorial e ideológica”, mas não tenha permitido que o leitor analisasse o tal perfil falso sob a ótica de todos esses fatos.
Ao direcionar a interpretação como se as palavras e expressões fossem dotadas de um único sentido, o DCM impõe ao leitor uma visão que limita-se ao campo da sintaxe, impedindo-o de enxergar a dupla possibilidade analítica da ambiguidade que o DCM critica. Além disso, o DCM não informa ao leitor que o efeito de sentido de uma paródia depende do compartilhamento das próprias categorias semânticas do outro que é parodiado. A falha nesse compartilhamento resulta na impossibilidade de se reconhecer o outro parodiado. Portanto, se o texto “parodístico” do tal perfil falso tinha por sentido criticar “absurdos do presidente e seus apoiadores com ironia”, DAWSON informa que já tinha mostrado ao seu seguidor os problemas de sentido (que vem da semântica) do tal “parodista”, que não conseguiu criticar exclusivamente um único viés político, atrapalhando o processo de transação (base da construção do que se conhece como “contrato de comunicação”) entre o sujeito que comunica e o outro que lê/ouve (Análise do Discurso de Charaudeau).
DAWSON indica que, ao criticar “frases inacabadas” de outro usuário do Twitter, usando-a para continuar a chamá-lo de “burro”, o DCM não esclarece ao leitor qual seria a estrutura sintática em questão, não cumprindo com sua missão de “transformar confusão em clareza”, conforme consta em sua página oficial. DAWSON informa, ainda, que o DCM está sempre se prestando ao papel de exímio conhecedor do Português para propagar vilipêndios públicos por motivação política contra cidadãos comuns, chegando até a zombar da instituição Exército Brasileiro por conta do uso da nossa língua, mas escreveu “extrema-direita” (pois, com o hífen, acabou referindo-se a jogadores em um time de futebol) e ainda exaltou o tal perfil falso que escreveu “européia” e “anti-corrupção” (conforme print que ilustra a notícia).
Em relação ao termo “agente duplo”, criticado pelo DCM como se não tivesse ligação com a paródia, DAWSON ressalva que Alan Jonathan Greggio aponta em sua dissertação de mestrado que “a paródia, (…) ao mesmo tempo em que reafirma o texto parodiado, o subverte, transformando-o numa espécie de agente duplo de significados”.
Quanto à utilização pelo DCM do termo “gado”, DAWSON informa não ser portador de licantropia (F-22 do CID-10), síndrome psiquiátrica que o faria ser equiparado ou sentir-se como um animal por um transtorno delirante. Ademais, o termo “idiota”, que teria o objetivo de colocar em xeque a sua sanidade mental, foi desmascarado pelo atestado psiquiátrico e certidões públicas negativas de interdições e tutelas, todos carreados para os autos do processo. Já como crítica jornalística, a palavra “gado”, por extensão, atinge negativamente o seu pai e a sua mãe, por ser substantivo coletivo tabuizado. Sendo assim, DAWSON informa que seu pai não era um boi, mas um português que saiu do Porto e contribuiu muito para o desenvolvimento econômico deste país com o suor do próprio corpo. Da mesma forma, sua mãe não é uma vaca, mas uma senhora de quase oitenta anos que acabou de vencer uma batalha árdua contra um câncer, incidente que obrigou DAWSON a abandonar uma carreira de quase duas décadas como advogado e um cargo de liderança como coordenador de contencioso, a fim de cuidar dela. Por fim, DAWSON não admite que o DCM atente contra a sua dignidade por meros interesses editoriais e econômicos, razão pela qual exige respeito.