Galeano diz que realidade mudou e que não releria seu livro mais conhecido
Vencedor de vários prêmios internacionais e com obras traduzidas em diversos idiomas, defensor de propostas contestadoras e frequentemente associado a ideias políticas de esquerda, o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano disse ontem, em Brasília, que não voltaria a ler As Veias Abertas da América Latina, seu livro mais conhecido.
Ele está em Brasília para participar da 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, da qual é um dos homenageados.
“Eu não seria capaz de ler o livro de novo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é pesadíssima. Meu físico [atual] não aguentaria. Eu cairia desmaiado”, brincou Galeano, que tem 73 anos.
Galeano disse que, em todo o mundo, experiências de partidos políticos de esquerda no poder “às vezes deram certo, às vezes não, mas muitas vezes foram demolidas como castigo por estarem certas, o que deu margem a golpes de Estado, ditaduras militares e períodos prolongados de terror, com sacrifícios humanos e crimes horrorosos cometidos em nome da paz social e do progresso”.
Ainda sobre As Veias Abertas da América Latina, Galeano explicou que foi o resultado da tentativa de um jovem de 18 anos de escrever um livro sobre economia política sem conhecer devidamente o tema. “Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa que, para mim, está superada.”
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