Galpões que custam R$ 1 milhão reúnem respiradores e testes de covid que nunca foram usados

De Mahomed Saigg e Victor Ferreira no Fantástico.
Por quase dois meses, o Fantástico analisou todos os cerca de 70 contratos assinados pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro com base na chamada “Lei Covid”, que autorizou o poder público a fazer compras emergenciais sem licitação durante a pandemia.
A equipe de reportagem também teve acesso, com exclusividade, a galpões que armazenam produtos de uma engrenagem de desvio de dinheiro público, segundo uma investigação do Ministério Público estadual do Rio de Janeiro.
São respiradores superfaturados e que não funcionam; milhares de testes de Covid reprovados, que não prestam para nada, mas custaram o dobro do preço de mercado; macas tão frágeis que quebraram com o peso dos pacientes; e produtos comprados sem necessidade e que podem perder a validade por falta de uso.
Além do prejuízo já causado aos cofres públicos, o estado continua gastando só para armazenar os produtos: desde agosto de 2020, os custos são de R$ 1 milhão ao mês.
A corrupção também é vista no desperdício. Na Coordenação Geral de Armazenagem da Saúde, em Niterói, na Região Metropolitana, ficam guardados todos os insumos comprados pelo governo antes de serem levados para hospitais e postos de saúde.
Mais de 300 toneladas de equipamentos estão no local, vencidos e indisponíveis para a população. Tudo será incinerado. Como a medicação não pode ser tratada como lixo comum, a incineração vai custar aos cofres públicos mais de R$ 3 milhões.
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