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Geddel mantém influência, atua nos bastidores e faz contatos frequentes com cúpula do governo

Do Estadão:

 

Alvo da Operação Cui Bono?, o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima mantém sua influência no núcleo duro do Palácio do Planalto, atua nos bastidores e faz contato frequente com os principais integrantes da cúpula do governo. Toda a estrutura montada por Geddel no governo Michel Temer foi mantida, apesar de sua demissão, em novembro passado.

Desde a ausência de Geddel, o dia a dia da pasta tem sido tocado pela secretária executiva Ivani dos Santos, seu braço direito. A Secretaria de Governo é responsável por questões estratégicas, como liberação de recursos para emendas parlamentares, divisão de cargos entre os integrantes da base aliada e articulação de votações de projetos de interesse do Planalto no Congresso.

A “parceria” entre Geddel e Ivani remonta ao período em que o peemedebista foi deputado federal e ocupou a Primeira-Secretaria da Câmara, em 2003 e 2004. Três anos depois, ao ser alçado ministro da Integração Nacional pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele levou Ivani para sua equipe. Antes de assumir o atual posto, ela estava lotada no gabinete da liderança do PMDB na Câmara.

O atual chefe de gabinete da Secretaria de Governo, Carlos Henrique Menezes Sobral, também é considerado um dos “soldados” de Geddel. A exemplo de Ivani, ele ocupou uma cadeira de destaque quando o peemedebista comandou a Integração Nacional. Na ocasião, foi nomeado secretário de Desenvolvimento do Centro-Oeste do ministério.

A relação de Sobral estende-se ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – preso na Lava Jato – tendo sido assessor especial do peemedebista na presidência da Câmara.

Cunha. As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público indicam que Geddel atuava em conjunto com Cunha “em negociações ilícitas” envolvendo empresas interessadas na liberação de empréstimos da Caixa, entre 2011 e 2013. Geddel ocupou o cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa no governo da então presidente Dilma Rousseff e, de acordo com o Ministério Público, agia de “forma orquestrada” para beneficiar empresas.

O peso de Sobral na estrutura do governo está ligado às negociações relativas a emendas parlamentares, usadas como moeda de troca em votações de interesse do Planalto no Congresso.

Servidores disseram que, logo após a saída de Geddel – acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de fazer pressão para a liberação de um empreendimento imobiliário em Salvador, no qual tinha apartamento –, integrantes da cúpula do governo pediram para que todos se mantivessem nos cargos. O argumento foi o de que não fazia sentido deixar a pasta esvaziada em meio às discussões de projetos de interesse do Executivo no Congresso.

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