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Gerald Thomas é despejado em Nova York e coloca quadros à venda: ‘Pandemia acabou com meu trabalho’

Gerald Thomas

Da coluna de Ancelmo Gois

Apontado como o grande renovador da cena teatral brasileira nas décadas de 1980 e 1990, morando em Nova York, o polêmico diretor Gerald Thomas gravou um vídeo para dizer que foi despejado e que está colocando à venda seus trabalhos de pinturas e ilustrações.

Ele começa o vídeo dizendo que “desta vez não tem piada, trocadilho e opinião”: “É um apelo. Eu preciso vender meus desenhos minhas pinturas. A situação chegou a um ponto crítico que eu não posso mais aguentar. Mas agora estou sendo despejado do meu apartamento, aos 67 anos, depois de realizados 84 trabalhos em 16 países.

“Os preços variam de 2 mil a 40 mil dólares”, diz Gerald Thomas. (…)

Gerald Thomas abusou da modelo Nicole Bahls em 2013

Artigo publicado em 13 de abril de 2013

Gerald Thomas deveria estar respondendo agora a uma tentativa pública de estupro, ocorrida na noite do lançamento de um livro seu.

Mas não.

Ele está escrevendo em seu blogue. E se jactando. E agredindo a “gentalha hipócrita”, em maiúsculas, que o criticou por ter investido selvagemente contra uma integrante do programa Pânico numa tentativa de entrevista.

E colocando a culpa nela,  Nicole Bahls, “uma menina de (praticamente) bunda de fora, salto alto de “fuck me”, seios à mostra”.

E dizendo que ela não apenas pediu para ser agredida fisicamente como gostou: “A única coisa que REALMENTE FIZ foi tentar levantar a saia de Nicole Bahls e, pela expressão da cara dela nas fotos, she must have had a bahls!”

E se concedendo imunidade teatral: “Somos todos da classe teatral e nossa função é apontar as VOSSAS falhas.”

Ah, obrigado, Mestre.

E bazofiando: “ Eu, Gerald Thomas, faço a olho nu, na frente dos fotógrafos, das câmeras, das luzes, o que esse bando de carecas e pseudomoralistas gostaria de estar fazendo atrás de portas fechadas, com as luzes apagadas. End of Story.”

A cabeleira lhe concede direitos negados aos carecas.

Fim da história?

Não.

Ou não deveria.

Gerald Thomas deu uma formidável demonstração de desequilíbrio mental primeiro ao agredir a funcionária do programa, e depois com seu texto em que ele não se justifica, não se retrata, não se desculpa, não dá sinais remotos de humildade – mas simplesmente delira.

Não foi a única, aliás, naquela noite. Ele beijou na marra outra mulher, a atriz Paula Burlamaqui, que levou ou fingiu levar o beijo forçado na brincadeira.

O mundo tem testemunhado casos dramáticos de violência contra mulheres.  Na Índia, no Rio, em toda parte.

Gerald Thomas não poderia ter emitido sinal mais claro de que é uma ameaça real à integridade das mulheres. Ele não tem controle, ele não tem limites. E ele tem a patológica força física derivada do sentimento de que pode tudo.

Especule sobre o que poderia ter acontecido se Gerald Thomas encontrasse Nicole Bahls num lugar sem testemunhas. No apartamento dele, por exemplo.

Especulou?

Não. Este não pode ser o fim da história.

Geraldo Thomas tem que ser investigado, até para ser protegido de si mesmo – mas sobretudo para proteger eventuais vítimas de sua instabilidade mental e sexual.

É mais provável que não se faça nada. Um diretor do programa reduziu o caso ao fato de “ele ser mais louco que nós”.

Mas saibamos que, não fazendo nada, não teremos o direito de alegar ‘azar’ caso algum dia uma tragédia sexual ocorra na órbita desvairada do planeta Gerald Thomas.