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Temos que “acreditar na boa-fé” de Jair Bolsonaro e “aguardar desdobramentos”, diz Gilmar Mendes

Gilmar Mendes e Jair Bolsonaro
Gilmar Mendes e Jair Bolsonaro

Gilmar Mendes considera que temos que “acreditar na boa-fé” de Jair Bolsonaro e “aguardar desdobramentos”. A fala do magistrado se refere à carta de arrego do presidente, divulgada na última quinta (9).

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) aponta que o presidente fez uma “revisão” de seus atos, o que culminou no texto. “Eu não vou fazer questionamentos a propósito de estratégias políticas ou estratégias político-eleitorais”, diz.

“Precisamos de diálogo e precisamos verter nossa energia para esse imenso desafio de reconstrução nacional, de superação desse estado de coisa. Não cumprimos a meta de vacinação e estamos a praticar esse novo esporte de agressões contínuas e alguns delírios”, afirmou à Folha.

Para Gilmar Mendes, o 7 de setembro ocorreu com o pensamento de que no dia seguinte (8) não haveria mais STF e Congresso Nacional, e o munda estaria “em outra dimensão”.

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Apesar da “boa fé”, Gilmar Mendes critica bolsonaristas

Segundo o ministro, os apoiadores do presidente parecem viver em um “mundo paralelo”.

“Nós não podemos imaginar que amanhã as instituições vão se dissolver porque nós vamos reunir 10, 15, 20 mil pessoas em Brasília, São Paulo, seja aonde for”, critica. “As instituições têm mecanismos de funcionamento”, prossegue.

Questionado sobre as prisões de Roberto Jefferson e Daniel Silveira, ele afirmou:

“Se alguém vai às redes e diz que vai atacar um dado ministro e diz que vai dar uma surra, isso não tem nada a ver com liberdade de expressão. Esses casos estão em outro patamar que nada tem a ver com liberdade de expressão nem com exercício do mandato parlamentar”.

Leia a carta de arrego de Bolsonaro na íntegra:

“No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.

DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA

Jair Bolsonaro

Presidente da República federativa do Brasil”