Gilmar Mendes diz que não é o “momento” de discutir o impeachment de Bolsonaro

Em entrevista ao Valor Econômico, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que vivemos em um momento de “construir o consenso” e um processo de impeachment de Bolsonaro poderia aprofundar a “crise tão profunda” pela qual passa o país.
Leia trechos:
Valor: Há espaço para debater o impeachment do presidente?
Gilmar: De novo, eu vejo a necessidade de que tentemos construir o consenso. Não vejo como, nesse ambiente, de crise tão profunda, possamos aprofundá-la com novos dissensos, disputas, e coisas do tipo. Dos quatro presidentes eleitos, Fernando Henrique e Lula foram os únicos que terminaram os mandatos. Eu tenho discutido se não seria o momento de melhorarmos o sistema eleitoral, se nós não poderíamos, com a redução dessa base partidária imensa, pensar em um semipresidencialismo, onde o presidente teria um papel, seria eleito, mas a função governativa poderia ser de um primeiro-ministro.
Valor: Há um temor que o resultado das eleições de 2022 seja muito questionado. Há risco de ruptura institucional ou de ocorrer algo parecido com o que aconteceu nos EUA, com a invasão do Capitólio?
Gilmar: Cada momento histórico tem que ser analisado com cuidado, e nós temos que estar sempre atentos. Nós vimos que aquele inquérito das “fake news”, e depois o inquérito dos atos antidemocráticos, eles contribuíram para uma certa pacificação, separando o que era direito de manifestação de atos que deveriam ser reprimidos. Desde então, esse tipo de agressão às instituições cessou. Acho que essa foi uma contribuição que o Tribunal deu para essa pacificação. Eu tenho a expectativa que as coisas vão fluir, o próprio movimento que o presidente fez, de buscar uma base mais sólida, mostra que nós estamos diante daquilo que se chamou de um presidencialismo de coalizão, que se formou em outros momentos no Brasil, uma base ampla para permitir a aprovação de reformas, a sustentação do governo.
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