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Globo demora 12 horas para ‘perceber’ que ‘Vampiro Neoliberalista’ era Temer

Tela Padi:

Na era das redes sociais, nada passa despercebido. Muita gente que assistiu ao desfile da escola de samba Paraíso do Tuiuti na Sapucaí manifestou via Twitter e Facebook que faltaram comentários e até legendas mais precisas, por parte dos narradores e apresentadores responsáveis pela transmissão na Globo, sobre as informações trazidas pela escola. Quem era, afinal, o “vampiro neoliberalista” que ostentava a faixa presidencial?

Quem? Ninguém na tela da Globo mencionou seu nome durante a transmissão. Ainda no “Bom Dia Brasil”, nada de identificá-lo. Só lá pelas 13h15, durante o “Jornal Hoje”, mais de dez horas depois do desfile, o jornalismo da Globo, sempre tão ávido pela informação em primeira mão, associou o vampiro da Paraíso ao presidente Michel Temer. O delay em relação às rede sociais e a outros noticiários foi gritante.

Também no “Hoje”, o pato presente no desfile foi finalmente associado à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Eis aí outra informação que não apareceu nem durante o desfile nem no “Bom Dia Brasil”. O didatismo na Globo não costuma falhar, ao contrário, normalmente é até cansativo. Mesmo assim, supondo que a remissão fosse óbvia, faltou lembrar que o bichinho serviu como ícone da Fiesp nas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff.

(…)

Já as camisetas da seleção, igualmente associadas ao impeachment e apresentadas no desfile lado a lado com as mãos manipuladoras da opinião pública, sequer foram notadas em seu contexto pró-impeachment.

(…) Abrir os microfones a quem lhe faz críticas, no entanto, seria só um ato de segurança para confirmar a imagem democrática que a Globo tem perseguido, a ponto de dar espaço até a quem discorda de suas coberturas jornalísticas.

Só como paralelo de crítica política, vale notar que a dose de comentários do staff da Globo durante a transmissão do desfile da Mangueira, cujo alvo era o prefeito Marcelo Crivella, foi claramente maior e mais precisa ao prefeito do Rio. Mesmo considerando que no caso de Crivella sua imagem tenha sido identificada com máscara de sua própria foto, sem alusões indiretas – o que não daria vazão para uma omissão como a do “Vampiro” de Temer – a crítica exposta pela Mangueira mereceu definições mais claras, com menos bolas jogadas para que a torcida interpretasse o texto a seu modo, como aconteceu no caso da Tuiuti.