Golpismo de Bolsonaro é sua “cloroquina política”, diz Janio de Freitas

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O jornalista Janio de Freitas, em sua coluna na Folha de S.Paulo deste domingo (31), disse que Bolsonaro, ciente de sua iminente derrota, está com medo e vai reagir com o golpismo, a qual define como sendo sua “cloroquina política”.
Leia trechos:
Faltando dois meses até a eleição, Bolsonaro já está convencido de que não se reelege, e está com medo. Diante da derrota que se anuncia e da recusa de desvios no roteiro legal e moral dos processos, o que os medos de Bolsonaro têm a oferecer é a covardia travestida, que apela ao mais estúpido, ao mais violento —no caso, o golpismo, sua cloroquina política. (…)
Por diferentes modos, está muito presente o entendimento de que Bolsonaro avançou demais nos ataques à legalidade democrática, e o regime cobra atitudes. Com isso, a clareza trazida pelas pesquisas mais confiáveis tanto distensiona o ambiente quanto exige reação redobrada aos riscos do regime. Entre as precauções, uma das principais está esquecida. É a de interferência externa. Sua ocorrência nem seria novidade, apenas de procedência diferente. (…)
As manifestações recentes contra todo golpismo, com inclusão até do sistema bancário iniciada por controladores do Itaú Unibanco, mudaram o cenário. As pesquisas desinquietam. Mas o que é capaz de conter os ímpetos tumultuosos de Bolsonaro, mais exacerbados pela derrota prevista e pelo medo, não dá nem dará garantias de respeito à democracia.(…)
Com seus quase 70 anos de carreira, o experiente colunista encerra o artigo fazendo menção aos manifestos emitidos por entidades da sociedade civil e faz a seguinte observação: “Declarações e acordos assinados antecederam todos os tantos golpes militares, tentados e consumados, do passado sinuoso e mediocrizado pelos tanques e fuzis.”