Governo destina à reforma agrária usina símbolo de violência na ditadura

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai destinar para a reforma agrária um dos mais simbólicos territórios de violência política da ditadura militar no Rio de Janeiro, a Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, que será formalizada como assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Os corpos de ao menos 12 vítimas do regime foram incinerados nos anos 1970 no local. A área, que abriga sete fazendas em 3.500 hectares, está em disputa há quase três décadas. Em 2012, foi considerada improdutiva pela Justiça. Dois anos atrás, foi desapropriada e destinada ao Incra pela 1ª Vara Federal de Campos.
Nessa segunda-feira (21), ocorreu em Brasília a cerimônia de posse dos integrantes do recriado Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável. Kelli Mafort, secretária de Diálogos Sociais da Secretaria-Geral da Presidência, anunciou no evento a inclusão da Cambahyba na reforma agrária à deputada estadual Marina do MST (PT-RJ).
O assentamento levará o nome de Cícero Guedes, ativista que se libertou do trabalho análogo à escravidão em lavouras de cana-de-açúcar na infância, em Alagoas, e fugiu para Campos. Ele aprendeu a ler aos 40 anos e passou a integrar o MST na virada do século. Em 2013, foi assassinado a tiros, nos arredores de um acampamento de sem-terra.
Cambahyba abrigará lotes para 185 famílias. Segundo a deputada Marina, a formalização pelo Incra é que organiza a atividade produtiva e a comunidade, com a construção de casas e escolas.