Governo do Rio usou UERJ para empregar aliados com folhas secretas

Investigação do UOL aponta que mais de meio bilhão de reais injetados em programas com folhas de pagamento sem transparência, indícios da prática de saques de remunerações em dinheiro vivo na boca do caixa e emprego de aliados políticos tem sido observadas na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), outra instituição ligada ao governo Cláudio Castro (PL), escândalo parecido ao dos cargos secretos da Fundação Ceperj.
Segundo mostra a investigação, 11 secretarias ou órgãos do governo transferiram só neste ano para a Uerj ao menos R$ 593,6 milhões para 18 projetos com folhas de pagamento secretas. Da mesma forma como no caso da Ceperj (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro), projetos da Uerj foram fomentados através de repasses de secretarias ou órgãos do governo.
Parte dos R$ 593,6 milhões vinha sendo usada para pagamentos na boca do caixa, com retirada do dinheiro em espécie; o movimento, detectado pelo Bradesco mandou um ofício à universidade informando que os pagamentos seriam suspensos se os funcionários não abrissem conta-corrente, o que foi acatado pela Uerj.
Ao menos um dos programas da Uerj empregou aliados políticos de Cláudio Castro e líder do governo na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), o deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), com salários de até R$ 16 mil. Bacellar também é apontado como um dos articuladores dos cargos secretos na Ceperj.
Esses 18 programas da Uerj não disponibilizam os pagamentos dos contratados no Portal da Transparência do governo do Rio ou em site que permita o acompanhamento atualizado das remunerações. O governo, por sua vez, garantiu que o portal “já está sendo totalmente revisto, sendo em breve abastecido com detalhamento atualizado de todos os projetos”.
O governo do RJ ainda contesta o valor de R$ 593,6 milhões e diz que as transferências para a Uerj neste ano são da ordem de R$ 448 milhões. Segundo o Executivo, “os valores das mencionadas descentralizações [transferências] não se resumem a pagamento de pessoal” e envolvem licitações de serviços e compras de materiais e imóveis.
A Uerj defendeu os programas, afirmando que se enquadram “na condição de iniciativas de inovação, ensino, pesquisa e extensão universitária”, seguindo legislações estadual e federal: “Todos os projetos são objeto de prestação de contas ao fim de cada ano, tendo, sempre, todas as suas contas aprovadas no Conselho de Curadores e Auditoria Interna da Uerj, além do Tribunal de Contas do Estado”.
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