Mais uma vez, os empregados da Caixa Econômica Federal e a população estão pagando o preço pela confusão entre o governo e a direção do banco. O conflito de informações e a falta de planejamento dos órgãos federais novamente têm resultado em aglomerações e filas em frente a unidades da Caixa. Esta semana, por exemplo, a Dataprev — a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência, vinculada ao Ministério da Economia — informou que o cadastro de mais 800 mil beneficiários do auxílio emergencial foi aprovado. No entanto, o presidente do banco, Pedro Guimarães, declarou que dados sobre este novo lote ainda não foram repassados à Caixa pelo Ministério da Cidadania.
“Temos que receber o calendário efetivo [do ministério] e o dinheiro para realizar o pagamento. Não temos nenhum dos dois. No meio da semana que vem, nós realizaremos o pagamento”, declarou Pedro Guimarães. “Depois, vamos realizar o pagamento no mesmo calendário dos ciclos que anunciamos para que não tenha confusão. Ou seja, vamos adequar esses 800 mil ao mesmo calendário dos demais”, emendou o presidente do banco.
Questões como essa e um conjunto de outros problemas de gestão resultaram no retorno de filas em agências da Caixa de diversas cidades do país, expondo ainda mais ao risco de contaminação pelo coronavírus tanto os trabalhadores do banco quanto a população. Além do acúmulo de pagamentos atualmente realizados ao mesmo tempo pela Caixa — como o auxílio de R$ 600, o FGTS Emergencial, o Bolsa Família e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, entre outros — falhas em aplicativos dos benefícios e o recente bloqueio de mais de três milhões de contas digitais contribuem para os transtornos à sociedade e aos bancários.
“O próprio Pedro Guimarães anunciou que, para desbloquear a conta, é preciso ir à agência. É claro que realizar este bloqueio de milhões de contas, de forma repentina, causaria filas nas unidades”, destaca o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto. “Sabendo disso, deveriam ter sido feitos uma ampla divulgação à população e um planejamento para receber essas pessoas. Apenas o calendário não resolve”, afirma. “Governo e direção da Caixa não sabem o que fazer. Tomam decisões erradas, batem cabeça. Enquanto isso, a população e os empregados pagam o preço, se expondo ao risco de contaminação pela covid-19”, acrescenta Takemoto.
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