Governo está inflando dados de criação de empregos

O governo federal tem comemorado recordes na criação de empregos com carteira assinada, como se os números hoje fossem os maiores desde 1992. Mas essa comparação não pode ser feita porque houve mudança de método na coleta dos dados. A alteração foi em 2020, e o levantamento passou a usar dados mais abrangentes. Foi incluída mais gente, como trabalhadores temporários, que não eram contabilizados antes. Isso torna os resultados incomparáveis.
Embora a mudança de metodologia seja informada nas notas técnicas do Ministério da Economia, ela é omitida em publicações oficiais e em discursos do alto escalão —levando a crer que há recordes e que são fruto apenas de medidas tomadas pelo atual governo.
De 1992 até dezembro de 2019, os dados sobre o mercado de trabalho formal tinham como base o Caged —Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que monitora admissões e demissões no regime CLT. A partir de janeiro de 2020, a divulgação trouxe informações de três sistemas: Caged, eSocial e Empregador Web (onde se registram os pedidos de seguro-desemprego). Essa reunião de dados complementares foi batizada de Novo Caged.
Como o novo sistema inclui muito mais gente, o resultado de emprego fica diferente do que era obtido antes dessa mudança. E tende a mostrar um número melhor. A obrigação de prestar informações pelo eSocial está sendo implementada aos poucos, conforme as características do empregador.