Governo Lula acelera liberação de canetas emagrecedoras nacionais

O governo Lula decidiu acelerar a entrada das canetas emagrecedoras nacionais no mercado, pedindo à Anvisa que esses medicamentos tenham prioridade na fila de análise. A medida, que inclui produtos usados também para diabetes, foi justificada pelo risco de desabastecimento e pela necessidade de ampliar a autonomia tecnológica do país. Parte da indústria, no entanto, questiona a decisão por considerar que compromete a transparência e deixa de lado outros remédios igualmente importantes.

O Ministério da Saúde defende que a concorrência deve reduzir preços e abrir caminho para uma futura incorporação no SUS, embora o custo estimado de mais de R$ 8 bilhões ainda seja um obstáculo. A Conitec rejeitou recentemente propostas para incluir essas canetas no sistema público, alegando impacto orçamentário elevado. Mesmo assim, prefeitos como Eduardo Paes, no Rio, já prometem distribuição em suas redes municipais, aumentando a pressão política em torno do tema.

A EMS, primeira farmacêutica nacional a obter aval da Anvisa para canetas de liraglutida, ganhou protagonismo após declarações do ministro Alexandre Padilha, que exaltou os produtos em evento público. O gesto foi criticado por associações médicas, que veem risco de incentivo ao uso estético dos medicamentos. Multinacionais como Novo Nordisk e Lilly, líderes com marcas como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, tentam manter domínio, mas se preparam para enfrentar a chegada de concorrentes brasileiros.

Além da iniciativa privada, laboratórios públicos também querem entrar na disputa. EMS e Fiocruz fecharam acordo para transferência de tecnologia e produção local de liraglutida e semaglutida, reforçando o interesse do governo em nacionalizar o setor. O mercado de canetas já movimenta bilhões no Brasil e a corrida agora envolve não só farmacêuticas, mas também o debate sobre o impacto financeiro e regulatório para a saúde pública.