Em greve histórica, trabalhadores da Igreja Mundial confrontam pastor Valdemiro

Imagem: Rodrigo Bertolotto/UOL
Do TAB
Os grevistas prometeram em ata que não iam usar carro de som na porta do templo para não atrapalhar os cultos. Por seu lado, o patrão disse, durante um sermão, que os trabalhadores em greve têm “a alma no fogo do inferno”. A histórica paralisação dentro da Igreja Mundial do Poder de Deus, denominação liderada por Valdemiro Santiago, tem uma negociação bem peculiar.
“Eles ficam falando de teologia da prosperidade, mas não são capazes de pagar em dia seus funcionários. A gente passa vergonha com impostos atrasados e sem vale-refeição para comer”, reclama a atendente Vera Lúcia Nazário, que foi obreira voluntária por três anos antes de virar atendente com carteira assinada.
Há oito anos ela trabalha na central de carnês e boletos para quem paga dízimos e doações. Ela está no grupo de grevistas mobilizados na entrada da sede central no Brás, centro de São Paulo.
Segundo sindicalistas, incluindo os do Seibref (Sindicato dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas de São Paulo), esta é a primeira vez que há uma paralisação de funcionários diretamente da estrutura de uma igreja no Estado de São Paulo — não há notícia sobre paralisação similar no país. Além da área administrativa, parte do pessoal da TV Mundial também está parado. (…)
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Pastor Valdemiro reage a greve e ameaça demitir funcionários
O pastor Valdemiro Santiago planeja uma reação contra os funcionários da Igreja Mundial que decretaram greve na semana passada.
De acordo com os grevistas, há tempos a instituição vem descumprindo normas e direitos dos trabalhadores. Eles estão parados há sete dias, por atraso nos salários e vale alimentação.
Para driblar a falta de funcionários, a equipe do pastor está contratando freelancers. Segundo o colunista Ricardo Feltrin, foi contratada mão de obra sem registro.
O religioso se disse “muito chateado” com a situação e afirmou que vai “ter que acabar demitindo” muita gente.
“Tô muito chateado com tudo isso. Infelizmente a gente que emprega milhares de trabalhadores, a gente vai ter que comunicar ao Ministério do Trabalho: acabou. Não vamos contratar mais ninguém. A gente é de carne e osso. Durante a pandemia a gente fez de tudo para não repetir o que outras empresas fizeram (redução salarial). Então, o que a gente vai fazer? A gente vai terceirizar; vamos contratar uma empresa pra cuidar do trabalho da Igreja”, disse Valdemiro.
“Eu tenho dó porque muita gente gosta da obra, trabalha aqui porque gosta, faz de coração. Mas não vai ter jeito. Vou ter que acabar demitindo esses também e contratando uma empresa para fazer o serviço da igreja”.